terça-feira, 3 de novembro de 2015

Basta de subalternizar a língua portuguesa!


Num tempo em que as mutações científicas e tecnológicas e os novos contextos político linguísticos tendem a subalternizar a língua portuguesa, a Universidade de Coimbra chega-se à frente e diz: basta.
 
Se fosse outra a fazê-lo não faltaria quem visse aí os “coitados” do costume. Mas ainda bem que é a mais emblemática universidade portuguesa, e que não o faz em algum momento de rebate acidental, mas num dos seus atos académicos mais significativos: o encerramento das comemorações dos 725 anos da sua fundação, corporizado num Congresso Internacional da Língua Portuguesa: uma Língua de Futuro, que acontecerá de 2 a 4 de dezembro, com o propósito central de refletir sobre a língua portuguesa numa visão prospetiva, como língua da ciência, como língua do conhecimento.
 
Sabemos bem como as chamadas “sociedades do conhecimento”, dominadas pelo apelo à internacionalização como princípio estratégico, são também dominadas por modelos anglo-americanos que se impõem através da língua. Ditam regras e critérios, impõem as suas influências no sistema científico internacional, não escondem sequer alguns traços etnocentristas que se projetam numa clara hegemonia de quem quer, e pode, encarar o Outro como inferior. E tendo a língua como arma. Uma espécie de ditadura da língua. Porém combater hoje esta realidade é “chover no molhado”. Seria até absurdo, especialmente no que respeita aos anseios de muitos dos nossos investigadores assegurarem uma legítima projeção internacional, mesmo que o façam procurando, de modo assumido, contornar o desconforto sindromático da sua língua materna. Mas ignorar que é na língua de um país que as especificidades socioculturais resistem, que têm nela o seu baluarte, é mais absurdo ainda. Porque “a língua não é só um veículo, é um sistema de pensamento, é constitutiva de uma cultura”, como diz Luís Fernandes. E não é por acaso, que os povos defendem, pela língua, o seu direito à identidade, à diferença. Uma preocupação que, afinal, a Universidade de Coimbra quer deixar bem expressa, ao encerrar com chave de ouro, a comemoração dos seus 725 anos. Aplaudo, pois, esta visão esperançosa de uma universidade, que assume, sem complexos, a língua portuguesa como “uma das suas prioridades estratégicas”.

Alexandre Parafita
in Jornal de Notícias, 31-10-2015

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Lançamento do livro «Uma Andorinha no Alpendre», em Bragança

 
Foi no Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, ontem, dia 19. Trabalho louvável da direção do Agrupamento, professores, educadoras e bibliotecária escolar, Dr.ª Elisa Ramos. Transformar crianças e jovens em leitores permanentes e motivados, é hoje em dia um desafio que requer cada vez mais um espírito inventivo de todos. Aos autores cabe apenas uma parte dessa missão.
 






sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Silêncios que têm bafo de dentes pobres


Assinalam-se este mês 20 anos da Navegabilidade do Douro, um projeto que revolucionou o turismo e a economia de uma região e de um país. Centenas de milhares de turistas de todo o mundo, cruzeiros de luxo, milhões e milhões de euros… fluem anualmente pelas águas do Douro. Quem vê à noite a telenovela da SIC (“Coração D’Ouro”), percebe bem a grandeza de que se fala.
 
Mas será que todos os que hoje usufruem deste filão milionário saberão que a luta para tornar o Douro navegável em toda a sua extensão (210 quilómetros) foi dura e longa? Uma luta de David contra Golias (o Douro contra Lisboa) que começou em 1965? E teve como principal “guerreiro” um velho jornalista, Rogério Reis, votado ao mais injusto silêncio, que alimentou durante anos uma campanha ininterrupta em prol da navegabilidade, escreveu um livro sobre o tema, fez centenas de reportagens e editorais, conferências, interpelações diretas a governantes antes e depois do 25 de abril (ainda o conheci nessa ribalta)? Um homem que morreu invisual, num bairro social de Vila Real, e que nunca chegou a entrar num desses cruzeiros luxuosos?
 
Como a memória dos homens (homens?!) é curta!...

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

«Histórias Rimadas para Ler e Brincar", no Ensino Fundamental do Brasil


O Livro "Histórias Rimadas para Ler e Brincar", de Alexandre Parafita, adotado para o 1º, 2º e 3º Anos do Ensino Fundamental do Brasil.

Podem aqui ser consultadas todas as obras selecionadas pelo Ministério da Educação do Brasil para o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC):
  • GUIA 1 (1º Ano do Ensino Fundamental) (ver na pág. 102)
  • GUIA 2 (2º Ano) (ver na pág. 86)
  • GUIA 3 (3º Ano)  (ver na pág.110)

terça-feira, 2 de junho de 2015

“O Comércio do Porto” faria hoje 161 anos!


Há 35 anos, subia eu a escadaria deste histórico edifício da Avenida dos Aliados, no Porto, com a cabeça cheia de sonhos, para responder a uma entrevista para jornalista estagiário do prestigiadíssimo jornal que então ocupava o imóvel. Recebeu-me o então administrador Adalberto Neiva de Oliveira, que, medindo por alto o meu minúsculo currículo, logo me garantiu: “Ficará o tempo devido como estagiário, e se nos der provas satisfatórias, entrará para os quadros”. Era assim naquele tempo. Os jovens podiam sonhar. Cumprido o estágio com provas satisfatórias, logo teria o posto de trabalho que almejava. (Ao invés do que vemos hoje: a um estágio, segue-se outro estágio, depois outro estágio, e no final… outro estágio; ou então o desemprego, o amparo dos pais ou a emigração). Ali fiz uma carreira jornalística de quase 20 anos. Foi a minha melhor universidade. Aprendi com os meus próprios erros e com os reparos e os exemplos dos colegas mais experientes.
Em 2005 o jornal fechou as portas e o país assobiou para o lado. De que lhe valeu o século e meio de vida que havia já completado e ser o mais antigo jornal de Portugal continental? De que lhe valeu ter sido a mais antiga escola de jornalismo? E ser um testemunho vivo da História de Portugal vivida em três séculos? E nele terem trabalhado e colaborado os melhores jornalistas e cronistas portugueses, contando-se entre eles figuras notáveis da vida cultural portuguesa como Camilo Castelo Branco, Carolina Michaëlis, Guerra Junqueiro, João de Deus, Rodrigues de Freitas, Joaquim Augusto Pires de Lima, Rebelo da Silva, Pinheiro Chagas, Maria Amália Vaz de Carvalho, Alberto Pimentel, Júlio Dantas, Henrique Lopes de Mendonça, Afonso Lopes Vieira, António Correia de Oliveira, Augusto Gil, Fialho de Almeida, Ramalho Ortigão e o próprio rei D. Carlos e a rainha D. Amélia…?
O jornal fechou e pronto. A sua morte foi acompanhada da mais impávida indiferença por parte dos meios culturais, políticos e económicos. Foi então que comecei a perceber que este Portugal já não era o mesmo. Um país que vê jogar fora um dos mais valiosos monumentos à cultura e à memória coletiva, e fica a assobiar para o lado, é um país a seguir um rumo estranho.
AP
2-6-2015

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Prof. Marcelo Rebelo de Sousa





O livro para crianças, «Contos de Boas Contas», apresentado pelo Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, no Jornal das 8 da TVI (10-5-2015).
 
A obra foi lançada pela editora LIVRO DIRECTO e tem como ilustradores Abigaíl Ascenso, Álvaro Pecegueiro, Carla Anjos, Fedra Santos, José Pedro Costa, Raquel Pinheiro e Sandra Serra.
 
E os contos de boas contas são: "A coruja e o galo vaidoso"; "O senhor Neves e a divisão dos cavalos"; "O diabo e os dois irmãos"; "O lavrador, a raposa e o burro"; "O gato do moleiro"; "O moinho da maldição".

O livro aqui:
www.bertrand.pt/ficha/contos-de-boas-contas?id=16374739

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www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor

sábado, 2 de maio de 2015

Tanto “foguetório” por tão pouco!


Irritou-me, há dias atrás, um anúncio que li num jornal da nossa praça respeitante à abertura de um concurso, aí mandado inserir por uma importante empresa pública. Ocupando um espaço enorme da página, para que olhos nenhuns lhe escapassem, ao lê-lo tive a sensação de que se estaria a abrir concurso para um lugar de diretor de serviços, chefe de repartição, quadro superior (induzido pelo minucioso e exaustivo regulamento, assaz criterioso nos inúmeros artigos, alíneas, nomeação de um júri numeroso e altamente qualificado)… e, afinal, tratava-se apenas de um concurso para um simples estagiário! Nem sequer era um emprego. Certamente, perante a penúria de trabalho em que o país está, estarão a acorrer ao lugar centenas de jovens candidatos, exibindo licenciaturas, mestrados, quiçá doutoramentos (com currículos que superam, certamente, o de alguns governantes que temos tido)... e tudo para que um deles (apenas um!) tenha direito a um simples estágio de 12 meses, com uma remuneração de miséria, e findo o qual voltará para a rua. Não vai poder, entretanto, programar a sua vida: ser independente, casar, ter filhos...
 
Pobre país precário este, com uma fasquia tão baixa! Irrita-me ver tanto “foguetório” para o tão pouco que se tem para oferecer aos nossos jovens: estágios, atrás de estágios, que nem chegam a ser a simples ilusão de um posto de trabalho. Ainda que haja boas qualidades demonstradas, desempenhos exemplares, a opção voltará a ser, no fim, o recurso a um novo estágio, numa rotação infinda. Pelo meio, o assédio moral a pesar sobre o lado mais frágil deste jogo, e a realidade incontornável de um país com 300 mil jovens desempregados.
 
Há que recuperar o sentido nobre e esperançoso que um estágio curricular e profissional vinha tendo na carreira de um jovem. Estou solidário no combate ao abuso e banalização dos estágios e das leis absurdas que os sustentam, e não me conformo vendo o país caminhar para uma nação decrépita, com pessoas idosas arrastando-se penosamente nos empregos e a sonhar com o oásis de uma aposentação cada vez mais longínqua, enquanto os jovens, cheios de energia, bem preparados, bem formados, inovadores, são enxotados das oportunidades de trabalho efetivo como se de uma praga de tratasse.
 
Sempre procuro incutir nos meus alunos estímulos de esperança num futuro melhor, mas já não me admira que o grande sonho de quase todos seja mesmo procurarem esse futuro bem longe do seu país.
 
(AP)
In JORNAL DE NOTÍCIAS, 1-5-2005

terça-feira, 28 de abril de 2015

Com o Prof. Arnaldo Saraiva, é sempre um dia ganho


Miguel Torga, o poeta marginalizado, 20 anos após a sua morte, não podia ter melhor defensor no Encontro de Escritores Transmontanos. O Prof. Arnaldo Saraiva, catedrático emérito, cronista, poeta, ensaísta e linguista, um grande amigo e companheiro que há muito adotei como mestre, foi o convidado de honra deste Encontro. Falou de Miguel Torga no Brasil, do pequeno Adolfo que emigrou para fugir à pobreza da tua terra e regressou a ela para mitigar a saudade que o acompanhou. Uma experiência traumática que, paradoxalmente, lhe inspirou uma das suas obras mais belas: A Criação do Mundo. Foi mais um dia ganho o voltar a ouvir o Prof. Arnaldo Saraiva. Um poeta, que falou de poesia, com poesia, de um outro poeta.

 

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Desmemoriar para melhor escravizar


É deveras inquietante para a humanidade o apelo que a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, teve de lançar aos jovens, desde a Universidade de Bagdad, para que usem todos os meios ao seu alcance, especialmente as redes sociais, no combate à campanha de "limpeza cultural" a que está sendo sujeita a República do Iémen, com as ações orquestradas de destruição do seu património cultural pelos grupos extremistas do Estado Islâmico. O património do Iémen é único. Grande parte está classificada como Património Mundial. Nela se mostram séculos de reflexão sobre o Islão. A destruição do museu da cidade setentrional de Mossul e vários sítios arqueológicos, como os de Nimrud e Hatra, bem como a difusão pelos jiadistas de um vídeo que mostra a destruição de esculturas pré-islâmicas de valor inestimável, estão ainda vivas na memória recente.
 
Um apelo desta natureza aos jovens, implicando-os num combate ativo pela defesa do património, acentua também a noção de que o património cultural não é um bem exclusivo de uma geração. A nenhuma geração cabe o direito de fazer dele o que bem entende, nem tão pouco de sujeitá-lo aos seus caprichos civilizacionais, pois trata-se de um legado da cosmogonia de um povo, ou seja, a herança da sua memória coletiva, havendo que acautelar o direito que a ela também têm as gerações futuras. E tudo porque a memória tem também um papel normativo, especialmente quando, representada no património comum (material ou imaterial), lhe cabe inserir os indivíduos numa cadeia de filiação identitária.
 
Daí que a campanha de "limpeza cultural" a que se assiste no Iémen deva alertar-nos para o maquiavelismo de uma estratégia (tratando-se de uma estratégia e não de um sórdido vandalismo apenas) apostada numa "queima de arquivo" da memória de um povo. Aliás, nem sequer é original esta estratégia e conhecem-se bem os efeitos de outras que a história dificilmente apaga. Bem sabemos como a cristandade se empenhou em destruir, na Península Ibérica, os documentos árabes do séc. VIII, como forma de eliminar a verdade da memória muçulmana, ou impedir, posteriormente, a sua reconstituição. De facto, para melhor dominar um povo, escravizá-lo mesmo, há que "sugar-lhe" a memória, e, desse modo, eliminar-lhe a identidade. Chama-se a isso desmemoriação.
(AP)
in Jornal de Notícias, 10-4-2015
 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

A lenda de um rei mouro metido numa pipa de pregos


Vale a pena visitar, em Rebordãos, concelho de Bragança, estas ruínas de um antigo castelo, que a lenda reconhece como aquartelamento de um diabólico rei mouro, que era o cúmulo da tirania]

Conta a lenda que no castelo de Rebordãos, há muitos e muitos anos, viveu um rei mouro que subjugava pela força toda a população das redondezas. Quanto às moças, antes de serem possuídas por qualquer homem, eram obrigadas a frequentar o seu harém e satisfazer os seus prazeres.

Um dia, uma jovem cristã, irmã do famoso Conde de Ariães, tendo-se recusado a seguir este destino, foi raptada pelo rei mouro e levada para o castelo. Aí, o tirano tentou fazê-la ceder aos seus desejos, e, como ela continuasse a recusá-lo, o rei mandou buscar uma pipa e cravejou-a de pregos de fora para dentro, a fim de meter a moça lá dentro e pô-la a rolar pela encosta do morro abaixo.

O Conde de Ariães, ao saber do rapto, conseguiu chegar ao alto do morro, no momento em que o rei se preparava para lançar a pipa no despenhadeiro. Travou uma luta com o tirano, venceu-o, e, por castigo, meteu-o a ele dentro da pipa, mandando-a pela encosta abaixo. E assim o povo se libertou, de vez, do jugo dos mouros.

(Bibl. PARAFITA, A. – A Mitologia dos Mouros, Gailivro, 1ª edição: 2006)
 

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Que nenhuma criança cresça sem a alegria dos livros!


Hoje, 2 de abril, é o Dia Internacional do Livro Infantil. Mais um dia para se celebrar o livro. Nas mãos de uma criança, o livro é sempre um raio de luz que reacende a esperança num amanhã melhor. A leitura aproxima pessoas, encurta distâncias, rasga fronteiras, abre horizontes, desvenda caminhos de felicidade. Ler um livro também é brincar. Quando lê, a criança entra em todos os jogos. E com uma vantagem: acaba sempre por ganhar. Por isso, com livros nas mãos das crianças, o ambiente é sempre de festa, nos rostos moram sempre sorrisos e alegria. Que os livros sejam, pois, para elas, os bens mais preciosos, companheiros de todos os instantes. E felizes os mais pequeninos, que ainda podem construir reinos de faz de conta com a magia das histórias! (ap)

domingo, 29 de março de 2015

O olharapo


Nas lendas transmontanas, há uma figura sinistra frequentemente referenciada: o olharapo. Como aparece em vários livros meus, amiúde me questionam, especialmente as crianças, sobre tal criatura. Trata-se de um gigante antropófago, violento e feroz, que tem a particularidade de possuir um único olho no centro da testa. As lendas situam os olharapos nas montanhas de Trás-os-Montes e da Galiza, onde noutros tempos inquietavam pastores e outros seres indefesos. O que lhe sobra em força e em tamanho, falta-lhe em produtividade e, sobretudo, em inteligência. A tradição popular reconhece também a existência da olharapa. Por vezes, o olharapo é ainda designado por “olhapim”. Daí que, no concelho de Vinhais tenhamos ouvido este provérbio: “Na terra dos olhapins, quem tem dois olhos é rei”. Esta figura do maravilhoso transmontano apresenta algumas semelhanças com a figura dos “ciclopes”, que eram seres da mitologia grega, filhos do Céu e da Terra e a quem, devido à sua força sobre-humana, era atribuída a construção de imponentes muralhas, que, por isso, se chamavam “ciclópicas”. Segundo a mitologia grega, Júpiter empregava os “ciclopes” na fabricação do raio, razão por que estes terão sido mortos por Apolo que, dessa forma, vingou a morte do seu filho Esculápio que fora fulminado por Júpiter.

 (Bibliografia: PARAFITA, A. – A Mitologia dos Mouros, Gailivro, 2006)

sexta-feira, 27 de março de 2015

Hoje, Dia Mundial do Teatro



O teatro vive de ficções, mas sobrevive, quase sempre, no seio de uma realidade cruel, a da indiferença de quem governa a cultura, onde, no lusco-fusco dos palcos vazios, agoniza uma mentalidade neoliberal conspurcada na fealdade do seu próprio absurdo.

Neste dia, presto a minha homenagem a todas as companhias de teatro. Em especial às que labutam no interior rural. E uma palavra de reconhecimento à FILANDORRA - Teatro do Nordeste, pela forma inteligente e ousada como tem levado ao palco alguns dos meus livros. AP