quinta-feira, 28 de março de 2024

Joaquim Miranda Sarmento

 


Corre-lhe nas veias sangue transmontano. Filho do meu saudoso amigo Zé Sarmento, de Curopos (antigo inspetor da Judiciária, um Homem de rara cultura, também licenciado em Gestão) e da minha amiga Aldina, de Espinhoso (uma Senhora de grande ternura, que tocava fundo na emoção a quem a ouvia), ambos precocemente falecidos.

Já em criança dava mostras de uma desenvoltura intelectual e perspicaz observação que lhe auguravam um rumo notável no futuro de Portugal.

Sabemos bem das armadilhas que lhe irão ser montadas. Especialmente pelos carroceiros birrentos da política que se estão a borrifar para o futuro e harmonia democrática da Nação.

Fico a torcer pelo seu sucesso. Não só pela admiração e amizade que partilhamos, mas pela convicção de que é ele, de facto, como Ministro de Estado e das Finanças, um dos mais valiosos ativos da nova governação de Portugal.

(Na foto, a receber, autografada, a minha «História da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro»)


quarta-feira, 13 de março de 2024

Tesouros da Memória

 


Atento aos impactos da globalização no pensamento e vivência das sociedades modernas, nos seus efeitos paradoxalmente homogeneizadores e desintegradores das identidades, abracei o projeto “Tesouros da Memória”, com incidência na região transmontana, no âmbito do Centro de Estudos em Letras da UTAD.


A preocupação maior é identificar e apresentar um vasto elenco de “narradores da memória”, tomando como valiosos os seus testemunhos na transmissão às novas gerações da memória cultural da sua comunidade. Na linha dos grandes teóricos (Benjamin, Le Goff, Proust…), reconhece-se que há uma ferida que as sociedades contemporâneas teimam em ignorar. O exercício dialógico intergeracional vai fraquejando década após década. A tradição e a memória diluem-se, com as novas gerações a encararem como anacrónica a mentalidade das gerações anteriores, o que resulta numa crise de valores a dar lugar a uma crise de identidade. E numa sociedade sem o aconchego da identidade e da memória, sem um quadro de referências sólidas e respeitáveis, as futuras gerações arriscam-se a viver desamparadas numa sociedade global. Como escreveu o Padre Fontes, “os povos são como as árvores; cortando-lhes as raízes, secam”.

 

Para este desenraizamento contribui o próprio Ministério da Educação ao permitir que a disciplina de História nas escolas tenha decaído para uma expressão minúscula, com consequências negativas na formação das novas gerações. Há valores, identidades, memórias, bem como o desenvolvimento do espírito crítico dos adultos de amanhã, que se perdem. A resposta ao que o hoje é estará sempre no que o ontem foi e como foi, porque nada começa agora, e o agora é a continuação do ontem, e o ontem é já um esboço do amanhã.


Por isso, é fatal desmemoriar uma Nação. Para melhor dominar um povo, basta "sugar-lhe" a memória, e, desse modo, eliminar-lhe a identidade. 

In JORNAL DE NOTÍCIAS, 12-3-2024