sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Silêncios que têm bafo de dentes pobres


Assinalam-se este mês 20 anos da Navegabilidade do Douro, um projeto que revolucionou o turismo e a economia de uma região e de um país. Centenas de milhares de turistas de todo o mundo, cruzeiros de luxo, milhões e milhões de euros… fluem anualmente pelas águas do Douro. Quem vê à noite a telenovela da SIC (“Coração D’Ouro”), percebe bem a grandeza de que se fala.
 
Mas será que todos os que hoje usufruem deste filão milionário saberão que a luta para tornar o Douro navegável em toda a sua extensão (210 quilómetros) foi dura e longa? Uma luta de David contra Golias (o Douro contra Lisboa) que começou em 1965? E teve como principal “guerreiro” um velho jornalista, Rogério Reis, votado ao mais injusto silêncio, que alimentou durante anos uma campanha ininterrupta em prol da navegabilidade, escreveu um livro sobre o tema, fez centenas de reportagens e editorais, conferências, interpelações diretas a governantes antes e depois do 25 de abril (ainda o conheci nessa ribalta)? Um homem que morreu invisual, num bairro social de Vila Real, e que nunca chegou a entrar num desses cruzeiros luxuosos?
 
Como a memória dos homens (homens?!) é curta!...