domingo, 25 de dezembro de 2016

O Douro (o)culto

 
Celebrou-se por estes dias, na justa medida da dignidade do evento, os 15 anos da classificação pela UNESCO do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial. Como é próprio das celebrações, foi uma oportunidade para refletir sobre os desafios que o selo de Património Mundial impôs no Douro e sobre novas dinâmicas que assegurem um crescimento sustentado salvaguardando a autenticidade do território. Uma oportunidade também para louvar o trabalho ciclópico de um povo que, ao longo de séculos, conseguiu moldar a própria natureza, dotando-a de uma beleza singular enquanto paisagem “evolutiva viva”.

Vencida esta batalha, que colocou o Douro nas rotas mundiais, atraindo riqueza, expansão vinícola e turismo (200 mil visitantes anualmente sobem e descem o rio), há “outro” Douro que continua de fora. Na mesma medida em que uma paisagem “evolutiva viva” cresce, um Douro cultural de gente, de memória, definha. Entidades e organismos que vemos trombetear nas celebrações, alguns com responsabilidades na área da cultura, ignoram que o Alto Douro Vinhateiro não é apenas um espaço físico. É também um espaço semiotizado com a memória coletiva como suporte; um espaço de Património Imaterial que provém das raízes do povo e que está ameaçado de extinção nos 13 concelhos que compõem o território. Todo ele é caracterizado por um universo mítico-lendário associado às singularidades assombrosas da paisagem, mas também aos lugares de memória como são os vestígios de povos antigos, com os seus labores, os seus cultos pagãos, a sua religiosidade cristã (lagares cavados em rochas, gravuras rupestres, megálitos, grutas, castros, torres, capelas…), um universo de que a toponímia rural e os testemunhos da população idosa são, muitas vezes, a única fonte de informação disponível.

Este espólio faz parte de uma cultura imaterial, intangível, encerrada em arcas de memória frágeis. Os narradores da memória, “tesouros vivos” deste património, cuja proteção a UNESCO reclama dos estados, estão absolutamente desprotegidos no Douro Património Mundial. O abandono das aldeias e a retirada dos idosos para lares de terceira idade, sem, no mínimo, se acautelar um plano de salvaguarda dos seus testemunhos, através de um inventário sistematizado de Património Imaterial, é o maior flagelo civilizacional do nosso tempo. Hoje trombeteia-se a paisagem “evolutiva viva” para amanhã se prantear a paisagem “evolutiva morta”.
 
Alexandre Parafita
in JORNAL DE NOTÍCIAS, 24-12-2016

sexta-feira, 29 de julho de 2016

A escritora nasce com a doçura e singeleza do mel


Rosário Castanheira, educadora de infância em Penafiel. Foi minha aluna de Literatura Infantil, já lá vão uns bons anos. Hoje, é com uma nota de orgulho que a vejo publicar o seu primeiro livro para crianças “Fugas de mel”. Um livro que, como disse, escreveu com o coração. Pudera! Certamente, é o mesmo coração generoso, carinhoso, sensível, com que abraça todos os dias, semana após semana, ano após ano, as suas crianças. Mas agora vai mais longe. Ensina às suas e a muitas outras crianças os segredos do mel e das abelhas que nele trabalham. Um livro pedagógico que a pretexto de uma história singela, enriquece as crianças com saberes fundamentais sobre o papel das abelhas no equilíbrio do ecossistema. Os meus parabéns. (ap)

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Palestra em Andorra para luso-descendentes

 
Havendo crianças e jovens que pensam e falam em português, é indispensável que tenham acesso fácil aos livros na sua língua, seja nas escolas, seja nas bibliotecas. É importante que as crianças frequentem classes de língua e cultura portuguesa, mas é também importante que os pais, em casa, falem com os filhos sobre a cultura do seu país, que lhes transmitam a sua história, as suas lendas, que os tragam a visitar as suas vilas ou aldeias e a participar nos rituais festivos, mas também que os coloquem em contacto regular com os seus avós, e com o que, também eles, têm para contar.
Foi neste sábado, na sala de atos da Comú de Escaldes-Engordany, em Andorra. Agradeço o convite à coordenadora de Ensino do Português da Embaixada de Portugal em Espanha e Andorra, Drª Filipa Soares, à professora de português em Andorra, Drª Fátima Fernandes, e ao Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, assim como ao Conselheiro das Comunidades Portuguesas e à representante do Consulado de Portugal em Andorra, presentes na conferência.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

O Colégio Casa Nossa Senhora da Conceição, do Porto, vai assinalar o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor no próximo dia 22 de abril (sexta-feira), por ser sábado a data oficial (23 de abril).
Para assinalar este dia, foi convidado o escritor Alexandre Parafita, autor cujas obras estão a ser estudadas e trabalhados neste estabelecimento de ensino: