tag:blogger.com,1999:blog-42123199756914704842024-03-13T16:13:16.979-07:00Alexandre ParafitaUnknownnoreply@blogger.comBlogger106125tag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-34122512642433289022024-03-13T16:12:00.000-07:002024-03-13T16:12:33.575-07:00Tesouros da Memória<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAYnGxyFpWn6T-ceo1XO2K81YhUP8sLoVDPqZNQuluM_FaQIwDbc6u6RP_W8VXdH11kvpzO91JQL4My3VpDY1HyWlojucL_DSYR2vOvpLrrgIj_TDSa2b6sury4XWGco4jH-c4pMSf1HjLddgRA7AYOA7jkPpNAL7FgHWI0BBEiwGKgPQNPogaW6hkUaKH/s1231/431463148_910231704269618_8824141410782025983_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1231" data-original-width="863" height="543" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAYnGxyFpWn6T-ceo1XO2K81YhUP8sLoVDPqZNQuluM_FaQIwDbc6u6RP_W8VXdH11kvpzO91JQL4My3VpDY1HyWlojucL_DSYR2vOvpLrrgIj_TDSa2b6sury4XWGco4jH-c4pMSf1HjLddgRA7AYOA7jkPpNAL7FgHWI0BBEiwGKgPQNPogaW6hkUaKH/w380-h543/431463148_910231704269618_8824141410782025983_n.jpg" width="380" /></a></div><br /><p></p><p style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">Atento aos impactos da
globalização no pensamento e vivência das sociedades modernas, nos seus efeitos
paradoxalmente homogeneizadores e desintegradores das identidades, abracei o
projeto “Tesouros da Memória”, com incidência na região transmontana, no âmbito
do Centro de Estudos em Letras da UTAD.</span></p><p style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;"><br /></span></p><p style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #333333;">A preocupação maior é identificar
e apresentar um vasto elenco de “narradores da memória”, tomando como valiosos
os seus testemunhos na transmissão às novas gerações da memória cultural da sua
comunidade. Na linha dos grandes teóricos (</span>Benjamin, Le Goff, Proust…), reconhece-se
que há uma ferida que as sociedades contemporâneas teimam em ignorar. O exercício
dialógico intergeracional vai fraquejando década após década. A tradição e a
memória diluem-se, com as novas gerações a encararem como anacrónica a
mentalidade das gerações anteriores, o que resulta numa crise de valores a dar
lugar a uma crise de identidade. E numa sociedade sem o aconchego da identidade
e da memória, sem um quadro de referências sólidas e respeitáveis, as futuras
gerações arriscam-se a viver desamparadas numa sociedade global. Como escreveu
o Padre Fontes, “os povos são como as árvores; cortando-lhes as raízes, secam”.</p><p style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p><p style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">Para este desenraizamento contribui o próprio Ministério da
Educação ao permitir que a disciplina de História nas escolas tenha decaído
para uma expressão minúscula, <span style="color: #333333;">com consequências
negativas na formação das novas gerações. Há valores, identidades, memórias,
bem como o desenvolvimento do espírito crítico dos adultos de amanhã, que se
perdem. A resposta ao que o hoje é estará sempre no que o ontem foi e como foi,
porque nada começa agora, e o agora é a continuação do ontem, e o ontem é já um
esboço do amanhã.<o:p></o:p></span></p><p style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505;"><br /></span></p><p style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505;">Por isso, é
fatal desmemoriar uma Nação. Para melhor dominar um povo, basta
"sugar-lhe" a memória, e, desse modo, eliminar-lhe a identidade. </span></p><p style="text-align: right;">In <b><i><a href="https://www.jn.pt/2738755446/tesouros-da-memoria/">JORNAL DE NOTÍCIAS</a></i></b>, 12-3-2024</p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-69496810312432455762024-02-14T04:20:00.000-08:002024-02-15T04:19:59.222-08:00Querem lá eles saber de Cultura!<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-fZhGX4KzkjxPq4Cpn1eeGdQvvrZefoqJZWt7S_4ueJUCJJTp-NfqbDux2yLGwnkvMRAJ_0IgmKczTWoinoHwv4h7v8h9Tc4V_DsSuc_iyP8J8hCZPw8QefJm4zO8FY_9ou1iqbWNjp_dEvj2rsXZsI0D00Z-4gqpRwftyONHHfnFZrXGis-e5JRNZRQC/s1215/424620792_892488009377321_4241647518397120086_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="541" data-original-width="1215" height="207" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-fZhGX4KzkjxPq4Cpn1eeGdQvvrZefoqJZWt7S_4ueJUCJJTp-NfqbDux2yLGwnkvMRAJ_0IgmKczTWoinoHwv4h7v8h9Tc4V_DsSuc_iyP8J8hCZPw8QefJm4zO8FY_9ou1iqbWNjp_dEvj2rsXZsI0D00Z-4gqpRwftyONHHfnFZrXGis-e5JRNZRQC/w467-h207/424620792_892488009377321_4241647518397120086_n.jpg" width="467" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal"></p><div style="text-align: justify;"><span face=""Segoe UI", "sans-serif"" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 11.5pt;">Apenas Paulo Raimundo e
Rui Tavares (a quem tiro o meu chapéu) trouxeram a Cultura para os debates, o
que significa que para os partidos do “arco”, aqueles que podem, na realidade,
chegar ao poder, a Cultura pouco ou nada representa. A Cultura sempre deu poucos
votos… e isso pode explicar tudo.</span></div><span style="line-height: 115%;">
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]--><span face=""Segoe UI", "sans-serif"" style="color: #050505; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></span><p></p>
<p class="MsoNormal"></p><div style="text-align: justify;"><span face=""Segoe UI", "sans-serif"" style="background-color: white; color: #050505; font-size: 11.5pt;">Mas ignorar que para
uma vida verdadeiramente humana, para além do direito à Saúde, à Educação, ao
Trabalho, à Habitação, à Justiça, há também o direito à Cultura, como
indispensável à dignidade e ao livre desenvolvimento da personalidade de cada
um (como diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948), traduz um
grave retrocesso civilizacional.</span></div><span style="line-height: 115%;">
<!--[if !supportLineBreakNewLine]-->
<!--[endif]--><span face=""Segoe UI", "sans-serif"" style="color: #050505; font-size: 11.5pt;"><o:p></o:p></span></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: white; color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">A Cultura é o caminho
para a humanização, é com ela que se constrói uma sociedade mais democrática,
mais justa e mais solidária. Até porque o direito à Cultura está na base dos
outros direitos. O homem sem Cultura será sempre o mais enganado, o mais
humilhado e o mais explorado.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span face=""Segoe UI","sans-serif"" style="background: white; color: #050505; font-size: 11.5pt; line-height: 115%;">Infelizmente, só na
hora em que convém (ficar bem no “boneco”), é que os políticos lá chegam. Mas
na hora de arrebanhar votos… que se lixe a Cultura! </span><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="background: white; font-size: 15.3333px; line-height: 115%;"><span face="Segoe UI, sans-serif" style="color: #050505;"><a href="http://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor">www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor</a></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-2620997139383081072024-01-26T10:53:00.000-08:002024-01-26T10:53:08.286-08:00<p> <br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIhtfgQDqfFfLxE_BFT7BVVvMMzETdxg5LnL1-Z5D4lCYyGWJdJAkC_7M0g1x9XnfNMbhSTFYaQ6ENaAiXpg7sv6wW0GSIGrWZwBI2e8OUxfCuCMnkPD0NrDSDZOdRVcsRDHdc-HxMbQXjwPlhxNRYkoQBvLh-KOI1omOuNFsSZgmd4tdHOZBoy2-D5GGE/s1968/thumbnail_IMG_20240126_152453.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1968" data-original-width="1331" height="562" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIhtfgQDqfFfLxE_BFT7BVVvMMzETdxg5LnL1-Z5D4lCYyGWJdJAkC_7M0g1x9XnfNMbhSTFYaQ6ENaAiXpg7sv6wW0GSIGrWZwBI2e8OUxfCuCMnkPD0NrDSDZOdRVcsRDHdc-HxMbQXjwPlhxNRYkoQBvLh-KOI1omOuNFsSZgmd4tdHOZBoy2-D5GGE/w394-h562/thumbnail_IMG_20240126_152453.jpg" width="394" /></a></div><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;">Tenho em grande apreço os
velhos contadores de histórias. <span style="background: white; color: #050505;">Ainda
que a sociedade moderna os ignore, não me canso de ir ao seu encontro ao
Portugal profundo, às aldeias recônditas. Com eles resgatam-se memórias que são
verdadeiros tesouros de cultura e saber. E ouvindo-os, sopram-se acendalhas que
fazem um pouco mais de luz no entardecer das suas vidas.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Agostinho
Barreira, um velho pastor da Serra do Alvão, hoje com os seus 88 anos, é um desses
contadores de histórias. Conta-as como as ouviu aos que já partiram, garantindo
que muitas lhe chegaram à passagem de peregrinos, vagabundos, almocreves e
galegos. Algumas são tão velhas como o mundo, do tempo em que os animais
falavam.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Num
dos encontros em plena serra, enquanto admoestava com um assobio a cabrada e o
rafeiro, confiou-me uma dessas narrações que, outrora, corriam entre as gentes
que iam e vinham nas rogas do Douro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>«Nessas
grandes quintas, – contou-me – havia antigamente os criados, que faziam o
trabalho do dia-a-dia. E havia os feitores que nada faziam e que só lá estavam
para dar ordens. Acontece que alguns eram ruins e faziam a vida negra aos
criados. Por isso, numa ocasião andava no seu trabalho um criado muito preocupado,
a praguejar e a lamentar a sua sorte, pois estava para vir um novo feitor, e
ele com medo que ainda fosse pior do que o anterior.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;">– Estamos mal. Vamos ter
um novo feitor, manda-nos fazer isto, depois aquilo, depois mais isto e mais aquilo,
vai ser o bonito...! <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;">Ao pé dele, a ouvi-lo,
estava o burro, e, de tanto o ouvir, já estava, também ele, preocupado. Até que
lhe procurou:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;">– Olha lá, será que o
novo feitor me vai pôr duas albardas?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;">– Não, duas albardas não!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;">– Então quero lá saber!
Ele que venha, que a mim tanto se me dá!»<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;">Mais do que uma oportuna visão
pragmática da política (ou não estivéssemos à vista de nova luta eleitoral), esta
metáfora mostra bem como o povo também sabe rir de si próprio. A forma mais
saudável de rir.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 125%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 125%;">In <b><i><a href="https://www.jn.pt/2863491978/os-contadores-de-historias/">JORNAL DE NOTÍCIAS</a></i></b>, 26-1-2024</span></p><br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-90415472020459080382024-01-12T07:13:00.000-08:002024-01-12T07:13:51.810-08:00Quem vai levar a carta a Garcia?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhczUB6OQZ0vsHS6rt1JWP-OCNJadED3AITSoegGKnYcm9NC4FfZciFR_aSWnGw52h_nyUkYviYs0hDXcP-m2cUqK5FMkhu0F8WMFang3Wx1o0zXq4NyVEUpx6SSkgtsKrxkanEGVu7RBHxeTz3bS35CHqrnHgikUB_-L07hJckZUMTbqCEMirNFjfFWfkq/s1127/jn3.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1127" data-original-width="933" height="502" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhczUB6OQZ0vsHS6rt1JWP-OCNJadED3AITSoegGKnYcm9NC4FfZciFR_aSWnGw52h_nyUkYviYs0hDXcP-m2cUqK5FMkhu0F8WMFang3Wx1o0zXq4NyVEUpx6SSkgtsKrxkanEGVu7RBHxeTz3bS35CHqrnHgikUB_-L07hJckZUMTbqCEMirNFjfFWfkq/w416-h502/jn3.jpg" width="416" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Desde que ingressei no mundo do
jornalismo, em 1976, vi desaparecerem títulos de jornais que eram verdadeiros
monumentos nacionais: a “República” em 1976, o “Século” em 1977, o “Jornal do
Comércio” em 1985, o “Diário de Lisboa” em 1990, “O Diário” também em 1990, o
“Diário Popular” em 1991, “O Primeiro de Janeiro” em 1991, “A Capital” em 2005
e, finalmente, também em 2005, “O Comércio do Porto” que atingia então 151 anos
de vida, um jornal a que entreguei os melhores anos da minha juventude:
primeiro estagiário, depois repórter, depois redator. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Saí em 1999, mas ainda hoje o
retenho como a melhor escola de vida que tive. O que aprendi nas universidades
que frequentei eram medronhos comparados com as framboesas que colhi naquela
escola. Aprendi a </span><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">enfrentar e a denunciar políticos
corruptos, mentirosos e hipócritas, assim como bandidos, violadores, ladrões de
estrada. Por isso, tantas vezes assentei praça nos tribunais como repórter e
como réu.</span><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"> Depois, o jornal fechou e pronto. A sua morte foi
acompanhada da mais impávida indiferença por parte dos meios culturais, políticos
e económicos. Foi então que comecei a perceber que este Portugal já não era o
mesmo. Um país que vê jogar fora um dos mais valiosos monumentos à cultura e à
memória coletiva, e fica a assobiar para o lado, é um país a seguir um rumo
estranho.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">E agora temos as ameaças que pairam
sobre o “nosso” JN, um dos últimos pilares do jornalismo de qualidade que se
faz em Portugal. Perante os tempos tumultuosos que se conhecem em torno da
sobrevivência do jornal, é de recear, no mínimo, a perda de uma identidade
consolidada nos três séculos que percorreu, desde 1888. <o:p></o:p></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Neste despontar de um Novo Ano, aqui
manifesto os meus votos de que uma nova aurora permita que a luta dos
jornalistas do JN pelos seus direitos não esmoreça. De contrário, nos trilhos
de um jornalismo de qualidade, quem ficará para levar a carta a Garcia?<o:p></o:p></span></p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-56580459261388328732023-12-19T13:31:00.000-08:002023-12-19T13:31:15.528-08:00Extingue-se a Direção Regional de Cultura…e depois?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFj4-tUHq3xJfaC3mNqeFXasMwHhjrZUOMu28uzrK678mMSYT9E_Wz97Pd0US0bwBIQXw-cPmlG0vS_GS9yI-5J3zljuDBFSzFbat-kj6s0odHByzdfZNe5M2JDB7pBPnW0paEK2dGKxAer7j_r6Asqteg3zQJRA81sZZp0XEr7OIFirOfvSS0i0rn13Rj/s2181/thumbnail_IMG_20231219_150631.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2181" data-original-width="1490" height="496" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgFj4-tUHq3xJfaC3mNqeFXasMwHhjrZUOMu28uzrK678mMSYT9E_Wz97Pd0US0bwBIQXw-cPmlG0vS_GS9yI-5J3zljuDBFSzFbat-kj6s0odHByzdfZNe5M2JDB7pBPnW0paEK2dGKxAer7j_r6Asqteg3zQJRA81sZZp0XEr7OIFirOfvSS0i0rn13Rj/w340-h496/thumbnail_IMG_20231219_150631.jpg" width="340" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">“Povos do interior, uni-vos!” Em
jeito de exortação, foi com estas palavras que Pedro Santana Lopes, Secretário
de Estado da Cultura em 1994, marcou o seu discurso na abertura, em Vila Real,
da Delegação Regional da Cultura do Norte, ao ousar transferi-la do Porto para
Trás-os-Montes. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">As intensões do governante eram
claras. A capital do Norte já estava bem servida de equipamentos culturais. Era
chegada a hora de descentralizar os serviços e dinamizar o interior cultural,
“com vista à criação de condições de acesso aos bens culturais em todo o
território nacional e de uma forma geograficamente equilibrada” (Dec. Reg. Nº
3/94 de 9 de Fevereiro). <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tal decisão abalou, não apenas o
“estatuto” quase aristocrático da Invicta como macrocosmos cultural, mas também
os interesses aí instalados, ao ponto de, dois anos passados, com novo partido,
novo governo e muitas pressões políticas, ser anunciado o regresso da Delegação
ao Porto. Um propósito só travado por um extenso baixo-assinado que dezenas de
instituições e agentes culturais transmontanos fizeram chegar, em novembro de
1996, ao Ministro Manuel Maria Carrilho, com fundamentos que terão valido (pelo
menos na teoria) para que, extinta a Delegação Regional em 2006, a
Direção-Regional de Cultura do Norte (DRCN) conservasse a sede em Vila Real.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Finalmente, decidida a extinção da
DRCN e as suas competências a passarem para organismos sedeados no Porto (mas
que bela descentralização!), um desses organismos, designado “Património
Cultural, I.P.”, vai ter por missão a salvaguarda do património cultural imóvel
e imaterial. O decreto-lei que o criou identifica a audição de nove
organizações e associações de reconhecido mérito. Porém, não vi aí a Associação
Portuguesa para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, a única que
conheço com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">know-</i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">how</span></i><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> credível no domínio do PCI. Uma lacuna
incompreensível.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">in <b><i><a href="https://www.jn.pt/1738526141/extingue-se-a-direcao-regional-de-cultura-e-depois/">Jornal de Notícias</a></i></b>, 19-12-2023 </span></p><br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-77897474774797658232023-12-06T11:11:00.000-08:002023-12-06T11:11:13.520-08:00O JN, não!<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLEEX2g3xnXiZRoNsOAMVDzqyzzOUufncie6Dt12COpDBfGTXfrydczaM4uZN4YcvJwBj8ltkgk-5rX00xiTn6mP3JqpXXKS3lxsy8Ng_p6AJ5DnV5yi59sJurRxF9nvjRBbbDRnV2nren1V_n5KPiy7r4I3yXlRz9JbvnOW-60eAlGJSkjMfD0KlTwY1Q/s495/capasjn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="330" data-original-width="495" height="294" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLEEX2g3xnXiZRoNsOAMVDzqyzzOUufncie6Dt12COpDBfGTXfrydczaM4uZN4YcvJwBj8ltkgk-5rX00xiTn6mP3JqpXXKS3lxsy8Ng_p6AJ5DnV5yi59sJurRxF9nvjRBbbDRnV2nren1V_n5KPiy7r4I3yXlRz9JbvnOW-60eAlGJSkjMfD0KlTwY1Q/w441-h294/capasjn.jpg" width="441" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Desde que ingressei no mundo do jornalismo,
em 1976, vi desaparecerem títulos de jornais que eram verdadeiros monumentos
culturais. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A “República” em 1976, o “Século”
em 1977, o “Jornal do Comércio” em 1985, o “Diário de Lisboa” em 1990, “O Diário”
também em 1990, o “Diário Popular” em 1991, “O Primeiro de Janeiro” em 1991, “A
Capital” em 2005 e, finalmente, também em 2005, “O Comércio do Porto” (atingia então
151 anos de vida, um jornal onde gastei os melhores anos da minha juventude).</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Portugal foi ficando mais pobre. Culturalmente,
é o que se vê.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Agora, está em risco o “Jornal de
Notícias”. A notícia do despedimento coletivo de 40 jornalistas, que
representam metade da sua redação, deixam-me perplexo quanto ao seu futuro. O
que virá a seguir, é um jornalismo de menor qualidade. Afinal, a medida certa
para um país que, cada vez mais, teima em nivelar-se por baixo em tudo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Registo aqui a minha solidariedade com
os profissionais do JN que hoje e amanhã estão em greve. Lutam pelos seus
direitos, mas lutam também pela garantia de um jornalismo de qualidade, a que
este centenário jornal nos habituou.</span></p><br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-5243042317864020632023-10-27T13:49:00.001-07:002023-10-27T13:55:15.892-07:00Quem são, afinal, os mouros?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_QYV0gnNMyDIvZJIF39W8gQkxzzZBW0Kpo9B7qa5hX3vltP0_vaLSE0XskIFNDbTlqnN84w7IKHQ9wN1arKnl6SzuobfOr_fUosX9azq4zcKhkM6W4MGyt4d2R-q6RXSBAuaxofFXZy3qHMy2VETXe3bdLIYQH6__n4U-S3UJ7dTEJLpeBs6JXoxQGTOj/s1683/thumbnail_IMG_20231027_164836.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1683" data-original-width="1166" height="521" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_QYV0gnNMyDIvZJIF39W8gQkxzzZBW0Kpo9B7qa5hX3vltP0_vaLSE0XskIFNDbTlqnN84w7IKHQ9wN1arKnl6SzuobfOr_fUosX9azq4zcKhkM6W4MGyt4d2R-q6RXSBAuaxofFXZy3qHMy2VETXe3bdLIYQH6__n4U-S3UJ7dTEJLpeBs6JXoxQGTOj/w362-h521/thumbnail_IMG_20231027_164836.jpg" width="362" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>A
convite do Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, coube-me participar naquela
bonita cidade algarvia num interessante simpósio sobre as múltiplas expressões
do legado cultural Al-Andaluz em Portugal. Um profícuo momento para
reposicionar, na história e na tradição, o conceito de “mouro” que os manuais
escolares e os catecismos nos mostraram, no quadro da Reconquista Cristã, como
um povo invasor e cruel, com as inerentes consequências na construção de um
imaginário popular negativo projetado nas lendas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Em
boa verdade, a grande maioria das lendas e as narrações históricas que as
inspiram ignoram o lado fascinante dos árabes, mesmo com os estudos cientificamente
credíveis a deixarem claro como a chamada Invasão Muçulmana foi <span style="background: white; color: #050505;">essencialmente uma invasão cultural.
Ninguém invade território algum sob o poder das armas quando traz consigo o seu
agregado familiar. </span><span style="color: black;">De resto, tendo estado por
cá oito séculos, como poderiam ter permanecido numa lógica exclusiva de
perversidade e opressão?</span><span style="background: white; color: #050505;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Ainda
hoje, vemos uma má vontade coletiva alimentada pela tradição em relação aos
mouros. No Norte, muitos tentam ofender os do Sul chamando-lhes “mouros” e conhecem-se
provérbios como “Quem tem padrinhos não morre mouro” ou “Quem não poupa seu
mouro não poupa seu ouro”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Vale,
pois, refletir sobre se o Islão em Portugal trouxe, ou não, mais fascínio que
perversidade. Pode até descobrir-se como as mouras perigosamente sedutoras das
lendas e os mouros sinistros, noturnos e subterrâneos, mais não são do que
entidades mitificadas que o imaginário construiu no seio de uma histórica urdidura
político-teológica. São o paradigma do Outro. Um Outro que nós próprios projetamos
num espelho do qual muitos teimam em ver apenas a face que mais convém. A face
politicamente correta. Por isso, digam no Norte o que disserem do Sul… à certa,
mouros somos todos nós.</span></p><div style="text-align: right;">(ap)</div><p></p><p style="text-align: right;">in <a href="https://www.jn.pt/2492263186/quem-sao-afinal-os-mouros/" target="_blank"><b><i>Jornal de Notícias</i></b>,</a> 27-10-2023</p><p style="text-align: right;"><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-52092917006250377782023-10-11T12:43:00.002-07:002023-10-11T12:43:38.525-07:00Começar a ser grande com os livros<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB3IuT17UnJ65AZPvK97Gft0gHXWXvcNW4k_0whsJArvmKmkG7Fw5Z1RHUQEntvYxk4dh6aHCKXFIAQNLdN5NcCHymKNIjilTI_kouyWKw5OWJGhCNS1xV9v1pgwIgw40mkkPkR9gYogA6V80NQN7EBc_12E52LW0TgSUMHNJBWdXOxXRyxxmOc4EN9Ou0/s1705/387840739_810412147584908_5210518236287033104_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1705" data-original-width="1187" height="513" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgB3IuT17UnJ65AZPvK97Gft0gHXWXvcNW4k_0whsJArvmKmkG7Fw5Z1RHUQEntvYxk4dh6aHCKXFIAQNLdN5NcCHymKNIjilTI_kouyWKw5OWJGhCNS1xV9v1pgwIgw40mkkPkR9gYogA6V80NQN7EBc_12E52LW0TgSUMHNJBWdXOxXRyxxmOc4EN9Ou0/w378-h513/387840739_810412147584908_5210518236287033104_n.jpg" width="378" /></a></div><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">“Quem
não aprende a gostar de ler aos dois, três, quatro, cinco, seis anos, mais
dificilmente adere a esse prazer pelos oito, dez, doze, catorze anos”. Assim
escreveu Marcelo Rebelo de Sousa, em 2006, enquanto agente e divulgador
cultural, no prefácio de uma obra de reflexão sobre a nova Literatura para a
Infância.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Na
mesma sintonia, Fernando Azevedo, diretor do Programa de Doutoramento em
Estudos da Criança da Universidade do Minho, defendeu que, “desde uma idade
precoce, de preferência ainda antes do nascimento, a criança seja familiarizada
com hábitos e práticas de leitura”, reconhecendo, assim, o papel primordial da
família, mas também a convicção de que as crianças, no seu percurso de vida,
irão manifestar maior motivação para a leitura se reconhecerem como socialmente
relevante essa atividade, e esse reconhecimento ganha corpo quando observam os
pais a ler e a escrever, isto é, a desenvolver práticas de literacia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">No
início dos anos letivos, no ensino superior, sempre me deparei com jovens que
são, à partida, bons leitores, e por isso cultos, bem-falantes, ágeis
intelectualmente, e outros que o não são. Sempre os interroguei sobre os seus
percursos, as influências recebidas, e constato que os mais cultos, mais inteligentes,
mais capazes, tiveram na infância, no seio da família e da escola, um convívio
marcante com a literatura infantil. Na família, ouvindo canções de berço,
lengalengas, histórias ao deitar. No jardim-de-infância e na escola, com a
magia do livro, as visitas à biblioteca escolar, as horas do conto, os
encontros com escritores…<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Dedico
estas palavras aos professores e, em especial, aos bibliotecários escolares,
que com o seu labor e criatividade transformam a escola num verdadeiro reino de
afetos. Começar a ser grande com os livros é o desafio. Uma parte de nós
constrói-se com o que lemos. A outra com as emoções que cultivamos. Dentro e
fora de nós.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p><p style="text-align: right;">In <b><i><a href="https://www.jn.pt/1829064352/comecar-a-ser-grande-com-os-livros/">Jornal de Notícias</a>,</i></b> 10-10-2013</p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-16449263696280495272023-10-05T02:59:00.005-07:002023-10-05T03:18:03.935-07:00O que simboliza, afinal, o 5 de outubro? <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvFWTVGs9JQ72vNeG6y8t_Dv6fhUmV3PA6xO85jJPMIzAuAKa2MY-T5NzM8gDlWc6OvTLvIcItboCGL5vfbXBqA0Bvcvx0xDcSy5tsSUkR9VDVtRxG4B082YJF8ip8NPRYVmOISHtpk0HnDENmy33uyhKP8muKHtaZyiQZABKI69_qsDc81_FCDtMt24Zk/s1702/thumbnail_Sem%20T%C3%ADtulo.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="944" data-original-width="1702" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvFWTVGs9JQ72vNeG6y8t_Dv6fhUmV3PA6xO85jJPMIzAuAKa2MY-T5NzM8gDlWc6OvTLvIcItboCGL5vfbXBqA0Bvcvx0xDcSy5tsSUkR9VDVtRxG4B082YJF8ip8NPRYVmOISHtpk0HnDENmy33uyhKP8muKHtaZyiQZABKI69_qsDc81_FCDtMt24Zk/w447-h248/thumbnail_Sem%20T%C3%ADtulo.jpg" width="447" /></a></div><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">1 . A UNESCO, em 1994,
criou o Dia Mundial do Professor para ser celebrado a 5 de outubro. Um dia para
homenagear os professores e reafirmar a dignidade e a importância que lhes é
devida enquanto pilar da sociedade. Algo que, infelizmente, em Portugal, anda
deveras ignorado, e, por isso, os professores não param de lutar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">2 . Mas Portugal adotou a
mesma data para comemoração da Implantação da República, contemplando-a com um
feriado nacional.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">3 . Entretanto, parece
andar esquecido que foi também a 5 de outubro de 1143 que nasceu Portugal como
nação independente. O Tratado de Zamora, resultante da conferência de paz entre
D. Afonso Henriques e Afonso VII de Leão, seu primo, que aconteceu neste dia,
assinala o nascimento do Reino de Portugal. Uma boa razão, pois, para celebrar
também a mesma data com esse significado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Portanto, para mim,
Professor e Republicano, mas irredutível respeitador da História de Portugal, o
feriado do 5 de outubro vale por tudo o que vai dito.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><a href="http://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor">www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor</a></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-40988174013729490212023-09-26T17:31:00.000-07:002023-09-26T17:31:02.465-07:00A paz não se dá…<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG3x75gtRXEcb3qmsIgAS_ax5AgNUsTm1uxjmKz1r9a6Z2wTg89bL4YDGZAIh8zXOwvaLXvd1iejBVdoEwQHh2beeAaF4gAwxeLtaONSrCkCMBnX9T6M6dJaUgpv0gD-U1Iy7T_TI8RVTMrdXxtxQjCKNT36iPu9KZoO3BGdyBTOHOHMd3q6-eQ0_8wGka/s1783/JN,26-9-2023.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1783" data-original-width="1572" height="440" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG3x75gtRXEcb3qmsIgAS_ax5AgNUsTm1uxjmKz1r9a6Z2wTg89bL4YDGZAIh8zXOwvaLXvd1iejBVdoEwQHh2beeAaF4gAwxeLtaONSrCkCMBnX9T6M6dJaUgpv0gD-U1Iy7T_TI8RVTMrdXxtxQjCKNT36iPu9KZoO3BGdyBTOHOHMd3q6-eQ0_8wGka/w388-h440/JN,26-9-2023.jpg" width="388" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Ouvi,
há anos, a um velho transmontano, de Espinhoso, Vinhais, desses que designo de
“narradores da memória”, esta singela parábola: Quando Nosso Senhor andava pelo
mundo, juntaram-se uns poucos de fiéis e foram pedir-lhe:</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">–
Divino Mestre, precisamos de ser felizes. E como somos bons cristãos, apenas
vos pedimos quatro coisas: pão, carne, vinho e paz.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nosso
Senhor respondeu:<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">–
Só posso dar-vos pão, carne e vinho. A paz tereis de ser vós a consegui-la.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É
ouvindo estas singulares lições, que os flagelos de um tempo atulhado de hostilidades
e incertezas fazem permanecer atuais, que, há muito, me bato pela urgência em reconhecer
como válida esta outra “universidade”. Infelizmente estas “escolas” estão a
fechar depressa demais. E, pelo caminho, vão ficando por descobrir as valiosas
teorias filosóficas de um povo sábio. Um povo de olhos no Céu para achar
respostas na Terra.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para
ouvi-lo, há que ir ao terreno, indagar sobre a pragmática dos seus saberes.
Saberes convertidos em histórias que nos lisonjeiam a alma. Saberes que não
aprenderam nos livros, mas em aulas práticas nas convenções e rotinas das
tornajeiras e vezeiras, partilhas de água, na energia cinética dos moinhos, nos
fiandeiros, na urdideira dos teares, nas celebrações rituais, nas rotinas ecotelúricas
do minguante ao crescente, no belo horrível das tempestades, na espiritualidade
das crenças, na estética do nascer e pôr-do-sol, na sinfonia dos campos e dos
bosques, ou no silêncio diáfano das montanhas. Aí se recebem valiosas lições de
economia aplicada, de epistemologia das ciências experimentais, lógica e
retórica, semiótica das linguagens, metafísica, filosofia da estética…<o:p></o:p></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tantas escolas e universidades
frequentei, que me permitiram possuir todos os títulos académicos que um
cidadão pode conseguir, e, afinal, o que mais recordo e aproveito ainda são os
saberes que vou colhendo no seio deste povo!</span></p><p style="text-align: right;">In <b><a href="https://www.jn.pt/4463926704/a-paz-nao-se-da/">Jornal de Notícias</a></b>, 26-9-2023</p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-15701067003594135692023-09-12T11:34:00.010-07:002023-09-12T11:47:49.715-07:00O Douro “imaterial” por descobrir<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdOuUrUr3SvZyD_Jk5f1FgeU_jVOKBu7oXB_0mps04XmVBfpDjcwJyb-zsjmSArYBCJ38ZtgxpSUzxmHpQGaouDA9ty0X2f3mL9rYowkwkjxtqROlGUJ3uXoQGzfp5hdgjpcFrr0waoxRg1iiQHK2WvHwZuZ9cmVIrKpohutm8TWXsfAsPyAJClyDwiS_1/s1938/jn1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1938" data-original-width="1530" height="554" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdOuUrUr3SvZyD_Jk5f1FgeU_jVOKBu7oXB_0mps04XmVBfpDjcwJyb-zsjmSArYBCJ38ZtgxpSUzxmHpQGaouDA9ty0X2f3mL9rYowkwkjxtqROlGUJ3uXoQGzfp5hdgjpcFrr0waoxRg1iiQHK2WvHwZuZ9cmVIrKpohutm8TWXsfAsPyAJClyDwiS_1/w438-h554/jn1.jpg" width="438" /></a></div><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">A Região do Douro é,
toda ela, um desafio permanente para os olhos e para o coração. Se os olhos
descobrem em cada pedaço da paisagem um mosaico sublime de beleza, o coração é
tocado pelo mistério e magia das suas gentes, dos seus costumes, das suas crenças,
bem retratados nos seus contos e lendas.</p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">O
aparato da paisagem – com os seus fenómenos naturais, os vales profundos, as
escarpas assombrosas, os nevoeiros, os penedos imensos imitando seres
diabólicos, o rumorejar das ribeiras e riachos… – ajudou a criar muitas
narrações orais. Por isso, algumas são o resultado das interpretações populares
desses mistérios, enquanto outras são a explicação para muitas capelas,
grutas, nomes de povoações, de lugares, de montanhas, de fragas, de esculturas
antigas ou ruínas de castros.</p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">Quando usamos a
expressão “terra-mãe” ao falarmos da nossa terra, do espaço das nossas origens,
reconhecemos nela um domínio espiritual sobre nós. Por isso, quando estamos
longe, e regressamos à nossa terra, é como se voltássemos ao aconchego do colo
materno. É como se voltássemos para reviver todas as histórias que iluminaram a
nossa infância. Histórias que brotam da paisagem, como se os penedos fossem os
castelos e o rumorejar dos rios a voz das personagens.</p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6pt; text-align: justify;">Por tudo isto,
reconhece-se a urgência nas ações de resgate da memória oral nos espaços
físicos e espirituais deste território, onde o desaparecimento acelerado da
população idosa compromete a possibilidade de inventariar e estudar os
conteúdos marcantes do seu património imaterial. Uma preocupação a que,
felizmente, também a Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM-Douro) não é
alheia, ao inscrever no seu plano estratégico para a presente década
(2020-2030) um compromisso com a inventariação do património imaterial do
Douro, enquanto “elemento fundamental de promoção e valorização da identidade e
espírito duriense”. <o:p></o:p></p><div style="text-align: right;">In <b><a href="https://www.jn.pt/4874499048/o-douro-imaterial-por-descobrir/">Jornal de Notícias</a></b> de hoje (12-9-2023)</div><p></p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-53424874935050051972023-08-27T10:15:00.001-07:002023-08-28T02:45:49.420-07:00A antecâmara de uma parcela do paraíso<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdrDP_VYm17hjR5bcBfgHZUQXo5CYLplFpZ6Rsy37iYF7i9JMt2qdNfODGltpcmxLeLifzdnobFSaLStaQ6AxTg77InTBwQ_7VC8LfnlDj_ldhtsciiuWsOOQCmM2CN8RyacAI8WoY0lVzytDgghzVMrHTB1NnfXLV63VM5Tn4tuqVixkw80DzR8fsLLi4/s1920/thumbnail_utAD%20cARROLA.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1010" data-original-width="1920" height="292" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdrDP_VYm17hjR5bcBfgHZUQXo5CYLplFpZ6Rsy37iYF7i9JMt2qdNfODGltpcmxLeLifzdnobFSaLStaQ6AxTg77InTBwQ_7VC8LfnlDj_ldhtsciiuWsOOQCmM2CN8RyacAI8WoY0lVzytDgghzVMrHTB1NnfXLV63VM5Tn4tuqVixkw80DzR8fsLLi4/w555-h292/thumbnail_utAD%20cARROLA.jpg" width="555" /></a></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">(foto de João Carrola)</span></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">É assim, ao anoitecer, a entrada no campus da UTAD. A magia
do silêncio reconforta o olhar e afaga o desejo indomável de entrar e descobrir.
“Entre quem é”, diria Torga.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Amanhã mesmo, e até 4ª feira, cerca de milhar e
meio de novos alunos, que ganharam o direito e o privilégio de entrar nesta
Universidade, irão descobrir esta parcela de paraíso, que em tempos apelidei de
“oásis de biodiversidade”. Um oásis de vida e de aprendizagem, singular em
Portugal e no mundo, que mantém </span><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">um ecossistema de
organismos vivos, onde, entre as nuances de verde, há espécies vegetais que
contam histórias dos quatro cantos do mundo, enquanto servem de poleiros
naturais a toda a sorte de passarada cantante. </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">A harmonia deste ecossistema
tanto nos sugere o “hino à natureza” de Torga como “as quatro estações” de
Vivaldi. E da mesma forma que os instrumentos musicais se harmonizam para
formarem uma melodia sublime, também aqui os organismos vivos se conjugam no
equilíbrio do ecossistema para que a perfeição do eco-campus da UTAD seja
igualmente sublime.<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: justify;">
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background: white; color: #050505; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A oportunidade de estudar nesta Universidade é, pois, um
desafio tão estimulante como enriquecedor. Os meus parabéns aos novos caloiros. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="background: white; line-height: 115%;"><span style="color: #050505; font-family: Times New Roman, serif;"><b><a href="http://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor">www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor</a></b></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-56243063459723883212023-08-17T15:33:00.001-07:002023-08-17T15:46:05.474-07:00UTAD: 50 anos de história<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh75EZ5-yG9dyFxJ9r6-6yai_AmQIKqpBDaHsEuJu8PcWOph2NLRpYCwTIT2YG438ikRmxrLU-p1h3n4BYJM0SknvulEGqkqMUzvovwWxCY3zJd8Okv7CZAzZLl7M3-vK7Qg81C3vXLDJNIpUzrJvcaeScQaQ2TCahz5ceF9JxMlEUs9JnFPro9AySlm0Dy/s1281/IMG-20230817-WA0003%20(1).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1281" data-original-width="994" height="444" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh75EZ5-yG9dyFxJ9r6-6yai_AmQIKqpBDaHsEuJu8PcWOph2NLRpYCwTIT2YG438ikRmxrLU-p1h3n4BYJM0SknvulEGqkqMUzvovwWxCY3zJd8Okv7CZAzZLl7M3-vK7Qg81C3vXLDJNIpUzrJvcaeScQaQ2TCahz5ceF9JxMlEUs9JnFPro9AySlm0Dy/w345-h444/IMG-20230817-WA0003%20(1).jpg" width="345" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Completa-se este mês meio século. Meio
século de um percurso combativo, desde os alvores dos anos 70 do século
passado, na defesa dos interesses de uma região então votada ao mais completo
marasmo.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Impõe-se,
por isso, o dever de recordar o papel dos grandes pioneiros da instituição e a
sua luta efetiva pela descentralização (Veiga Simão, Tomás Espírito Santo,
Cardoso Simões, António Réfega, Valente de Oliveira, Fernando Real e Joaquim
Lima Pereira, entre muitos outros), assim como a intervenção enérgica dos
órgãos de imprensa de então e “forças vivas” locais, que, mesmo no período do
Estado Novo, não se coibiram de afrontar o regime, erguendo uma voz coletiva na
reivindicação de direitos até então nunca atendidos. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Isto
num tempo em que na Assembleia Nacional havia quem objetasse que, dar “a
qualquer cidadão o direito de ser doutor, mais não é do que entender que
qualquer burro tem o direito de ser cavalo”.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para
os vindouros fica a convicção de que o que se conseguiu foi sempre ao poder de
muita luta. Nada caiu do céu em Trás-os-Montes. A história da UTAD demonstra-o
bem. Em 1970, Veiga Simão lançou o “embrião”. Depois, até ao “Politécnico”
(IPVR), criado em agosto de 1973, foi uma luta de bastidores e de “lobbies” acionados
na capital por Tomás Espírito Santo. Porém, sem cursos aprovados nem
instalações, houve que voltar ao combate para o pôr a funcionar, o que só
aconteceu em dezembro de 1975, com todas as decisões “arrancadas a ferros”. Em
1979, ao poder de greves e manifestações, Lisboa lá se rendeu, elevando o
“Politécnico” a Instituto Universitário (IUTAD), então a única forma de
atribuir o grau de licenciatura aos seus alunos. <o:p></o:p></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Mas
a região queria mais. Sobretudo mais cursos. Por isso, novos combates houve que
travar em Lisboa, que continuava a olhar de soslaio para a região, assim nascendo,
finalmente, em março de 1986, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: right;">in <b><a href="https://www.jn.pt/5236187589/utad-50-anos-de-historia/">Jornal de Notícias</a></b> 27-8-2023</p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-28389274542295214552023-08-11T12:40:00.001-07:002023-08-11T12:40:12.302-07:00Os pioneiros da UTAD<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguaw44OOarmcgBa8GYphMO7lsmqctfDFN0QiqnLeNkenBrby9Y6ku-IM3p8hX0-xp5rW22-GtYKDzQfQQiqwpnbfO_yWGgKdDRqQDJzsbhRfe2G1JOWypFcDZnjfVxqmEaWx_6d4nlrnKp2wWHT5th472rvTGh3bJFi7ys4_eVvM3CMFyNqfNhkq2jss0F/s908/utad1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="664" data-original-width="908" height="342" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguaw44OOarmcgBa8GYphMO7lsmqctfDFN0QiqnLeNkenBrby9Y6ku-IM3p8hX0-xp5rW22-GtYKDzQfQQiqwpnbfO_yWGgKdDRqQDJzsbhRfe2G1JOWypFcDZnjfVxqmEaWx_6d4nlrnKp2wWHT5th472rvTGh3bJFi7ys4_eVvM3CMFyNqfNhkq2jss0F/w467-h342/utad1.JPG" width="467" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-themecolor: text1;">Lembrá-los
hoje, meio século depois, é um dever cívico. O dever de quem sabe honrar a
memória. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Veiga
Simão, quando decidiu lançar o ensino superior em cidades como Vila Real, ouviu
na Assembleia Nacional (hoje Assembleia da República) um qualquer animal,
travestido de deputado da Nação, declarar: “Dar a qualquer cidadão o direito de
ser doutor, mais não é do que entender que qualquer burro tem o direito de ser
cavalo”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 14.2pt;">Mas não
se intimidou o jovem Ministro. E o Estado Novo tremeu. Nasceu assim (a 11 de
março de 1973) o Instituto Politécnico de Vila Real, que logo evoluiu para Instituto
Universitário e depois para Universidade. Aqui recordo os homens do leme que se
seguiram (os já falecidos): o Prof. António Réfega, o Prof. Joaquim Lima Pereira,
o Prof. Fernando Real (que me “desviou” do jornalismo para a UTAD e depois,
enquanto Ministro do Ambiente, ainda me veio buscar para Assessor de Imprensa)
e por fim o Prof. Torres-Pereira.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; text-align: justify;"><span style="background: white; color: black; font-family: "Calibri Light",sans-serif; mso-themecolor: text1;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">E para os
vindouros, fique a lembrança de que nada caiu do céu em Trás-os-Montes. Todos
os avanços foram arrancados a ferros à custa de muitas batalhas. O Marão
erguia-se como um obstáculo, mas havia outros ainda mais difíceis de transpor.</span></p><p></p><blockquote style="border: none; margin: 0 0 0 40px; padding: 0px;"><p style="text-align: right;"><b><a href="http://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor">www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor</a></b></p></blockquote>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-67800190091163940112023-07-24T15:05:00.006-07:002023-07-24T15:10:22.835-07:00Prega, frade, que pregas debalde!<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5Jvitz3l9tWmKyY6cc5C2t28MyYsH2-N0VFip68wx7bHxQikKzhrHnR-dARUK_45-Hy7cNdzekXqXXs6JGcYqC_XmHvaL2TDTe0R1eXI9m1Yy_o4tlYNfPKAnoTT8wr0YccjX_zEcka3i1cPILcsIykVFiTZxg9hNVGZqjQXdQOBtspTwGf83fUTycBTA/s1920/thumbnail_thumbnail_IMG_20230724_141400.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="817" data-original-width="1920" height="216" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5Jvitz3l9tWmKyY6cc5C2t28MyYsH2-N0VFip68wx7bHxQikKzhrHnR-dARUK_45-Hy7cNdzekXqXXs6JGcYqC_XmHvaL2TDTe0R1eXI9m1Yy_o4tlYNfPKAnoTT8wr0YccjX_zEcka3i1cPILcsIykVFiTZxg9hNVGZqjQXdQOBtspTwGf83fUTycBTA/w524-h216/thumbnail_thumbnail_IMG_20230724_141400.jpg" width="524" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Do interior rural desprotegido e
negligenciado pelos governos centralistas da capital, que, ano após ano, foram
encerrando escolas, maternidades e serviços de saúde, extinguiram, ou
deslocaram para as grandes cidades, repartições, serviços públicos de
proximidade, postos e delegações de empresas públicas… tudo, ou quase tudo, já
se disse. E o mesmo sobre o falhanço absoluto da Unidade de Missão para a
Valorização do Interior, que nada de concreto conseguiu na implementação das
anunciadas medidas para travar o despovoamento do interior. Os próprios fundos
de coesão territorial, da UE, destinados a travar as assimetrias regionais,
apenas conseguiram acentuar o fosso entre o interior e o litoral.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; letter-spacing: 0.25pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;">Nesse meio tempo, um esperançoso
“Movimento pelo Interior”, fundado com grande consenso nacional, apresentou, em
2018, 24 medidas para, no prazo de três legislaturas, garantir uma clara
reversão da situação dos territórios do interior. Grande consenso político,
recorde-se, gerou este movimento, inclusive com o forte empenho dos autarcas
socialistas, como era o caso presidente de Vila Real, Rui Santos, ao lembrar
que uma das medidas propostas era </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">para
que, “qualquer novo organismo a ser criado pelo Estado central, a sua sede
fosse num território do interior”</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">.</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; letter-spacing: 0.25pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Como
diria o outro: “Prega, frade, que pregas debalde!”. Debalde mesmo. O Ministério
da Cultura anunciou que, a partir de 1 de janeiro de 2024, dois novos
organismos vão ser criados: a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal,
que ficará em Lisboa, e o Instituto Público Património Cultural, com
competências de salvaguarda e conservação do património cultural imóvel e
imaterial, com sede no Porto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Decididamente,
o Estado não sabe como lidar com o Interior. Sempre com um hálito demagógico na
boca quando fala da coesão do território, falha em absoluto nas suas políticas.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p><p style="text-align: right;">in <b><i><u><a href="https://www.jn.pt/7151485141/prega-frade-que-pregas-debalde/">JN</a></u></i></b>, 24-7-2023</p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-87087657463063871792023-06-23T07:52:00.006-07:002023-06-23T07:54:09.119-07:00O decano dos jornalistas<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCpmFnMeoVvzQqpa45k6Ehl0a8EvOYSm6U2d0-3ZywfKtnMHe4bnQ6PEkXIu7uyDyblWcwPuIlGQlZrNZMLk79aLj66dFrXi9y1WwyaHsue-JsSnYS4gYFtfg8plQ_WNZf7AYHye97p7tkqsMg6LZsEzGo4EL1wscdpBSkerqdTI-oT0LTstOwAS20s4e8/s2784/thumbnail_IMG_20230623_123435_edit_152621620731919.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2784" data-original-width="1920" height="617" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCpmFnMeoVvzQqpa45k6Ehl0a8EvOYSm6U2d0-3ZywfKtnMHe4bnQ6PEkXIu7uyDyblWcwPuIlGQlZrNZMLk79aLj66dFrXi9y1WwyaHsue-JsSnYS4gYFtfg8plQ_WNZf7AYHye97p7tkqsMg6LZsEzGo4EL1wscdpBSkerqdTI-oT0LTstOwAS20s4e8/w426-h617/thumbnail_IMG_20230623_123435_edit_152621620731919.jpg" width="426" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Completou este ano 70 anos de
jornalismo. De jornalismo ativo, ininterrupto, com carteira profissional
atualizada até 2024. Julgo não haver em Portugal um jornalista com tal
dinâmica, longevidade e jovialidade. Daí designá-lo decano dos jornalistas
portugueses.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">João
Barroso da Fonte, começou como pastor de vezeira e de vacas numa pequena aldeia
do Barroso, dividindo o dia entre o trabalho infantil e a escola primária. Confessou
numa entrevista recente que, com cinco anos de idade, já ia com os bovinos para
os lameiros. E assim cresceu com a energia renovada dos renovos que despontam
nos campos. Foi seminarista, combateu em África, foi jornalista do JN, fundou
e/ou dirigiu jornais e revistas (“Comércio de Guimarães”, “A Voz de Guimarães”.
“Gil Vicente”, “Poetas & Trovadores”, “9 Séculos”), foi colunista em 224 periódicos
(inclusive no semanário “A Região”, sob a minha direção nos finais dos anos
80), escreveu dezenas de livros (poesia, ficção, ensaio), dirigiu o Paço dos
Duques de Bragança e a delegação da Comunicação Social do Norte, foi vereador
da cultura em Guimarães. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Enquanto
combatia no Ultramar, escrevia para a revista “Crónica Feminina”, a troco de 80
escudos por artigo, recebidos em cheque pela esposa, em Guimarães, para ajuda
no sustento dos filhos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Fundou
o Gabinete de Imprensa de Guimarães em 1976, responsável pelos primeiros cursos
de formação de jornalistas em Portugal financiados pelo FAOJ, e, de seguida, lançou
o Instituto Português da Imprensa Regional (IPIR), que permitiu aos profissionais
e colaboradores da imprensa regional usufruir de um cartão de acreditação,
legitimado pelo Governo, que conferia aos titulares os mesmos direitos da
Carteira Profissional dos jornalistas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>E,
hoje continua a fazer furor com os artigos que escreve na imprensa regional. A
energia é a mesma dos tempos áureos. Com ela planta e difunde cultura, saber,
humanidade. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">In <b><a href="https://www.jn.pt/6360082103/o-decano-dos-jornalistas/">JORNAL DE NOTÍCIAS</a></b>, 23-6-2023</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br /></span></p><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-24870651544539981512023-05-31T08:28:00.005-07:002023-05-31T08:28:43.772-07:00A heroica resistência dos professores<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdf6IJaShrNDt1wHKeEHW_J2jhhS4l-DaJKQrLo6NnhMHFvNnUcH4_uKn-ac1h4vfYGkb13q8MYG6fg7rb1Ly9t11puYZoZ3LqT2swLMSb2UWBy8wuzg3hVIU2qrUhoi68QgCdcwNL5CcT6Wa0NNQBHHjOj-ulak6Z6QRMj_2aHHoPrN-QYZH1Usj5_Q/s2833/IMG_20230531_123240.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2833" data-original-width="2367" height="534" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdf6IJaShrNDt1wHKeEHW_J2jhhS4l-DaJKQrLo6NnhMHFvNnUcH4_uKn-ac1h4vfYGkb13q8MYG6fg7rb1Ly9t11puYZoZ3LqT2swLMSb2UWBy8wuzg3hVIU2qrUhoi68QgCdcwNL5CcT6Wa0NNQBHHjOj-ulak6Z6QRMj_2aHHoPrN-QYZH1Usj5_Q/w445-h534/IMG_20230531_123240.jpg" width="445" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">O
que vemos, ouvimos e lemos traz-nos o retrato de um país enleado no desgoverno
de líderes e decisores que, em seus atos desorientados, vêm ensombrar os
horizontes de esperança que um novo ciclo de oportunidades vinha alimentando. Portugal,
assim, mais parece um país-caravela, que navega à deriva em águas turbulentas,
na busca, desesperada, de uma âncora que quanto mais se deseja mais ela tarda.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Pior
que tudo ainda é assistirmos à destruição dos seus alicerces: a educação. É
vergonhoso o trato a que está sujeita uma das classes profissionais mais
imprescindíveis do país. A desautorização, o desrespeito, a humilhação, nas
escolas e na sociedade, o congelamento de carreiras, as estranhas regras de
mobilidade, a terrível burocracia a recair sobre os professores, as turmas e
horários sobrecarregados, a violência impune nas escolas… vêm tornando o
exercício da profissão de professor numa verdadeira tortura, não se
vislumbrando, mau grado a profusão de greves e manifestações, sinais animosos de
compreensão e justiça por parte de quem tem o poder de governar e decidir. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ainda
assim, os professores conseguem fazer milagres, ser inventivos, contrariando as
desventuras de um sistema que lhes retira direitos de ano para ano, de um
sistema inibidor do entusiasmo e da criatividade. E continuam a obter
resultados, a plantar sorrisos entre as crianças, a abrir rumos de esperança no
seio dos jovens.<o:p></o:p></span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Queiramos
que, neste malbaratar de oportunidades e de bom senso, haja ainda uma réstia de
decoro, e que a heroica resistência dos professores, com tantos sacrifícios já
sofridos, permita, finalmente, recuperar a paz e a esperança de que a educação
em Portugal tanto carece. E convençamo-nos de que, se ainda há esperança para
Portugal, ela está na educação.<o:p></o:p></span></p><p style="text-align: right;">in <i><b><a href="https://www.jn.pt/opiniao/convidados/a-heroica-resistencia-dos-professores-16447092.html" rel="nofollow" target="_blank">JORNAL DE NOTÍCIAS</a></b></i>, 31-5-2023</p><p><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-10784841130366061582023-04-13T03:34:00.002-07:002023-04-13T03:36:12.000-07:00O meu adeus à Profª Conceição Martins<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAmJ9fwbtMjTolwLVw9maxhys5zTyK60va5oXu7XzGwkeIxn5Ms_X8TqOSIAu7QQo_EcV6gbz2o4DvHmCkTTHmAhohIN3rnHGf8F_Y9GXefBapuYSMquAuCOp-W-XlGohM1aXQbtoy5YlUl2Jm-ycNjmLI98jqqMhDsvRIIcUbAIu-YEz4ZI-7_4kdTQ/s765/Concei%C3%A7%C3%A3o%20martgins.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="431" data-original-width="765" height="286" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAmJ9fwbtMjTolwLVw9maxhys5zTyK60va5oXu7XzGwkeIxn5Ms_X8TqOSIAu7QQo_EcV6gbz2o4DvHmCkTTHmAhohIN3rnHGf8F_Y9GXefBapuYSMquAuCOp-W-XlGohM1aXQbtoy5YlUl2Jm-ycNjmLI98jqqMhDsvRIIcUbAIu-YEz4ZI-7_4kdTQ/w508-h286/Concei%C3%A7%C3%A3o%20martgins.jpg" width="508" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Partiu hoje (12 de abril), após longo
tempo de doença. Notável professora e investigadora da UTAD, influenciou
centenas de alunos que a têm como inapagável referência.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Trás-os-Montes deve-lhe
muito. Ao longo de anos, desenvolveu rigorosos estudos científicos sobre as
características singulares do fumeiro transmontano, especialmente de Vinhais e
do Barroso, conduzindo à sua certificação, o que permitiu relançar a economia
das populações, implementando uma indústria artesanal que estava moribunda, e
assegurar a subsistência de muitas famílias rurais. O fumeiro transmontano é
hoje uma referência em Portugal e no mundo!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Era filha do saudoso
empresário António João Martins (o famoso “João da Salsicharia"), um dos
maiores beneméritos de Vila Real, de quem fui um grande amigo. Poucos o
saberão, mas a nossa memória ainda está ativa para o testemunhar: Este homem
tinha comprado, há meio século atrás, a Quinta de Prados, onde hoje está o
Campus da UTAD. Havia já pago o respetivo sinal ao antigo proprietário que
vivia em Guimarães. Era um negócio chorudo, todos o sabiam. Porém, num famoso
jantar rotário, com um grupo de amigos (vila-realenses como hoje já não há…),
convenceram-no a desistir do negócio. E desistiu, num gesto altruísta que temos
o dever de reconhecer, permitindo que fosse o "Politécnico" a
adquirir a quinta.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E mais: contaram-nos que
nem o sinal que tinha pago quis recuperar. Tratando-se de instalar uma futura
universidade em Vila Real, todos tinham de estar de mãos dadas. Era assim
nesses tempos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Memórias que não
podemos apagar, quando vemos partir uma senhora que tanto respeito e admiração
nos merece. As minhas condolências à família.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><b><a href="http://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor">www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor</a></b></span></span></p><br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-25259818712020535492023-03-15T05:05:00.007-07:002023-03-15T05:14:52.851-07:00Os “Diários” do Padre Fontes<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm7GmlcoFieQsKrbUf5SN4V8h7JKVGdoxUdY_rhAz-1VxX0XsmWGj9dpfaWNpI54ONLVPW0yiJE9Xv4j2qQ4sdOoKpX0gb-UfmoKMcw1aX6RBVV-deTCCAsU8VIfREUecBU1WQILUsZTDcCMQenAEaWdGeYfzpq9C5wpdrXaleKNp1F_TqDodkZEeriw/s934/JN.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="934" data-original-width="680" height="470" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm7GmlcoFieQsKrbUf5SN4V8h7JKVGdoxUdY_rhAz-1VxX0XsmWGj9dpfaWNpI54ONLVPW0yiJE9Xv4j2qQ4sdOoKpX0gb-UfmoKMcw1aX6RBVV-deTCCAsU8VIfREUecBU1WQILUsZTDcCMQenAEaWdGeYfzpq9C5wpdrXaleKNp1F_TqDodkZEeriw/w342-h470/JN.jpg" width="342" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Ao completar os 83 anos,
quis celebrá-los com o lançamento dos seus “Diários”, um livro, publicado pela
Âncora Editora, que ajuda a entender a personalidade singular de um sacerdote
que, desde o refúgio das montanhas do Barroso, se tornou um dos mais conhecidos
e controversos clérigos do país. “Parece bom rapaz, mas também pode ser o
diabo”, assim o apresentou o Reitor ao lançá-lo numa das paróquias onde iniciou
o sacerdócio.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-indent: 35.4pt;">António Lourenço Fontes
dá agora a conhecer alguns dos seus traços mais pessoais, mostrando como
superou, desde os tempos submissos do Seminário, as lutas íntimas, as
contradições, as tentações, e, sobretudo, como impôs a si próprio os desafios
do Evangelho. “Uma vida destas é de desesperar e de suicídio”, escrevia, num
laivo de desalento, o jovem seminarista no seu “Diário”, para, no dia seguinte,
autorreprovar-se: “Nestes dias és pior que um burro. Ele apenas vive para o
vício que é o único bem que conhece. Tu ao menos sabes que há outro Bem maior”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A sua natureza, como reconhece
numa das páginas, “é igual à dos maiores santos ou dos maiores diabos e
diabretes”. E não hesita em assumir o papel de “bruxo-mor” nos rituais
diabólicos do Barroso. Por isso, o Padre Fontes não é, nem nunca foi, um padre
como outro qualquer. Rebelde, satírico, respingão, estudioso da cultura do seu
povo, cultivador de ciumeiras corporativas, sempre a resistir aos caprichos
convencionais das autoridades religiosas, é, acima de tudo, um homem que luta
em prol de um Céu na própria Terra. Perto das imperfeições humanas e longe das
obsessões clericais. <span style="background: white;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">“Não vás para padre que
te capam”, avisavam-no os vizinhos quando ingressou no Seminário. E até o Bispo
mais tarde o preveniu: “Vou fazer-te padre, mas tens de mudar a casaca”. Mudou?
Não mudou? O melhor é ler os seus “Diários”.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: right; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: left; text-indent: 35.4pt;">In </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: left; text-indent: 35.4pt;"><b><a href="https://www.jn.pt/opiniao/convidados/os-diarios-do-padre-fontes-15997912.html">JORNAL DE NOTÍCIAS</a></b></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: left; text-indent: 35.4pt;">, 14-3-2023</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br /></p><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-74140215269132444992023-02-15T04:25:00.002-08:002023-02-15T04:25:27.331-08:00Coisas do Diabo...<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfbigBxoRHE2OCqn72azp_-vSyBZEz5tTPrMu3tUmqP9jZaSY0bZuJ9HTqgxhArgDQTftIvMS5wV6EVQWd9I8aA_Wmg7-pi8qPQN79KG8kTYqjgTptig4gLFDQ5e9RY22GPYaSeO-4SIqt3jMGfK9BM3cac8pAP8l8I6kiLSAI4EBQ19AtRO9wsE6imQ/s1008/JN,%2014-02-2023.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1008" data-original-width="752" height="536" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfbigBxoRHE2OCqn72azp_-vSyBZEz5tTPrMu3tUmqP9jZaSY0bZuJ9HTqgxhArgDQTftIvMS5wV6EVQWd9I8aA_Wmg7-pi8qPQN79KG8kTYqjgTptig4gLFDQ5e9RY22GPYaSeO-4SIqt3jMGfK9BM3cac8pAP8l8I6kiLSAI4EBQ19AtRO9wsE6imQ/w400-h536/JN,%2014-02-2023.jpg" width="400" /></a></div><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Numa
das minhas frequentes andanças pelas escolas, ouvi um dia uma professora/contadora
de histórias transmitir aos alunos uma interessante fábula, para mim então desconhecida.
Contava ela sobre um cavalo que, estando preso a uma árvore e a tentar
soltar-se a todo o custo para conseguir abeirar-se de um pasto num lameiro próximo,
o Diabo passou por ali e, com pena do animal, soltou-o. O cavalo comeu o que
pôde, e logo a mulher do lavrador, dono do lameiro, ao ver o prejuízo, pegou na
caçadeira do marido e matou o animal. O dono do cavalo, enraivecido com tal
crueldade, fez pior: pegou também na sua caçadeira e matou a mulher. E daí a
nada o marido desta, em represália, matou-o a ele. Depois, os filhos do dono do
cavalo, mais revoltados ainda, pegaram o fogo à casa do lavrador, deixando-o
sem nada. Por fim, o lavrador, empunhando de novo a caçadeira, matou os filhos
do dono do cavalo. E então o povo da aldeia, que se juntou a chorar e a
comentar tamanha tragédia, só dizia:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">–
Coisas do Diabo…</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Ao
que o Diabo, que estava ao pé e a escutar tais comentários, reagiu:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">–
Mas que fiz eu? Apenas soltei o cavalo!<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Queria
a narradora justificar, no seu engenho alegórico, como as coisas simples,
insignificantes até, por vezes males-entendidos, pequenas brigas de que
raramente se preveem as consequências, uma foto íntima ingenuamente partilhada
numa rede social, podem ter efeitos devastadores. Mas poderíamos ainda ampliar
a alegoria, na sua exegese, a uma multiplicidade de inquietações, como, por
exemplo, o colocar uma simples cruz no retângulo de um voto, não imaginando
como daí pode resultar uma reviravolta na vida de cada um, ou na vida de um
país. Ou, até, perceber como num diálogo mal principiado entre nações pode
estar a antemanhã de uma guerra.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">É
por estas e por outras que o povo metaforiza, na sua apurada sabedoria: “O
Diabo sempre espreita nas frinchas”.</span></p><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">in <a href="https://www.jn.pt/opiniao/convidados/coisas-do-diabo-15834026.html">JN</a>, 14-2-2023</span></p><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></p><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-5903214858686461182022-12-13T11:40:00.003-08:002022-12-13T11:40:46.293-08:00Ter o “selo” da UNESCO é bom, mas… e depois?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqhnkUsyOwDCFloOOaXii_hASXC51yQin80mPKIgPuwu5YQjuDIOkM6o0H_RqzM606qYDaHnxNiWKLShzyWNlkRXSV6K5M4zWLHjV1Komcq47X2WJvCNrHSwIbbE5SYczH6XeS4h7sqjliJ-CC5Ih93R0xaEz5pNT5A9nko-RPtFs_2lNljB4tcO_V_w/s1449/jn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1449" data-original-width="1084" height="569" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqhnkUsyOwDCFloOOaXii_hASXC51yQin80mPKIgPuwu5YQjuDIOkM6o0H_RqzM606qYDaHnxNiWKLShzyWNlkRXSV6K5M4zWLHjV1Komcq47X2WJvCNrHSwIbbE5SYczH6XeS4h7sqjliJ-CC5Ih93R0xaEz5pNT5A9nko-RPtFs_2lNljB4tcO_V_w/w425-h569/jn.jpg" width="425" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por
estes dias, Portugal e Espanha viram ser integradas, pela UNESCO, na lista do
Património Mundial, as Boas Práticas de Salvaguarda do Património Cultural
Imaterial Galego-Português, aprovando uma candidatura apresentada pelos dois
países e promovida pela ONG “Ponte…nas Ondas”. Durou esta luta 18 anos. A
primeira candidatura foi apresentada em 2004. Professores, etnólogos e
antropólogos galegos e portugueses nunca desistiram de pugnar
pelo máximo reconhecimento, junto da UNESCO, de um património comum a
ambos os lados da fronteira, resultado do processo evolutivo que partiu de uma
língua e cultura comuns desde a Idade Média.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Aprovada,
finalmente, esta candidatura, há que ter agora presente que, também o Governo
português, fica comprometido com as “Boas Práticas” que mereceram o supremo
galardão mundial. Não basta ter o “selo” UNESCO e depois ignorar o trabalho e
os projetos de quem procura no terreno garantir a salvaguarda deste património
cada vez mais rodeado de ameaças por todos os lados. Incorporar nos currículos
escolares o conhecimento, valorização e estima pelo PCI, implementar um plano
de formação de professores neste domínio, incentivar iniciativas em centros
educativos e associações culturais, é o mínimo que pode requerer-se após esta
aprovação pela UNESCO.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">O
Ministério da Cultura acaba de excluir dos apoios do Estado para os próximos
quatro anos a companhia de teatro Filandorra, que é, seguramente, uma das que,
no Norte interior, melhor tem consagrado e divulgado nas escolas as franjas
mais expressivas do nosso Património Cultural Imaterial. Se é desta forma que o
Governo português se dispõe a apoiar as “Boas Práticas”, então bem pode a
UNESCO esperar sentada pelos resultados da sua decisão.</span></p><p style="text-align: right;">In <i><b><a href="https://www.jn.pt/opiniao/convidados/ter-o-selo-da-unesco-e-bom-mas-e-depois-15473008.html">JORNAL DE NOTÍCIAS</a></b></i>, 13-12-2022</p><p style="text-align: right;"><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-43182586445669905422022-11-20T07:35:00.010-08:002022-11-20T12:05:07.996-08:00De Trás-os-Montes… entre os melhores investigadores do mundo!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghVk5A2s7tndTqyFBehxLhgxmhTHVIn3u4euNlYYNsZXFqWI_tjglijb_wFSn6fHbXR0qcGKUMA7ke-tFmRNgUYy-n2iHjmkRhs5fs_G5D2pdg71oQ4_Q_A-tZRJuVmy4JU9rczhZUl_ffmJ6onJLoi_e7wIBR81F01eYhlL8gkplKX8UI23aN9QPNWg/s1130/investigadoras%20IPB.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="673" data-original-width="1130" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEghVk5A2s7tndTqyFBehxLhgxmhTHVIn3u4euNlYYNsZXFqWI_tjglijb_wFSn6fHbXR0qcGKUMA7ke-tFmRNgUYy-n2iHjmkRhs5fs_G5D2pdg71oQ4_Q_A-tZRJuVmy4JU9rczhZUl_ffmJ6onJLoi_e7wIBR81F01eYhlL8gkplKX8UI23aN9QPNWg/w481-h287/investigadoras%20IPB.JPG" width="481" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Nem sempre os “melhores
do mundo” batem certo com as evocações do Presidente (que, ao que consta, está
de malas feitas para o Qatar, onde espera aplaudir alguns dos que assim
considera…).</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Contudo, bem poderia
evocar também estas duas jovens investigadoras transmontanas: Isabel Ferreira e
Lillian Barros.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 107%;">Bastar-lhes-ia a beleza
que irradiam para serem notadas. Mas são notadas muito para além da sua beleza:
acabam de ser declaradas, num dos mais prestigiados rankings mundiais da
investigação científica (Clarivate Analytics), como fazendo parte dos cientistas
mais citados do mundo, num universo de 6938 investigadores.</span></p><p>
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 107%;">São transmontanas e vivem
em Bragança. Os meus parabéns!<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="font-size: 18.6667px; line-height: 107%;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><a href="https://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor/">https://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor/</a></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-29156128088256175912022-10-15T04:08:00.002-07:002022-10-15T04:09:40.678-07:00Conseguirá ele dormir descansado?<p style="text-align: left;"> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSjTPhDHmVs1h4QRro6BB4QJGj8ClozR8aR2M5pK9hVhXsPrin9cmh1XlWRIvKGHsOhtuAnGiQS8T_mqsSZRR_9qicrTTrcNb_d56V43UUIabi_CbpdZvizUV7KOXqW0wBB9-w0XQuAnSf70Uafoj-qKTDBdzUH4Krbk1N_iG3VU6hCgqo-r6EVFSdKA/s928/310441766_5882490218462456_6891401386605681706_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="641" data-original-width="928" height="334" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSjTPhDHmVs1h4QRro6BB4QJGj8ClozR8aR2M5pK9hVhXsPrin9cmh1XlWRIvKGHsOhtuAnGiQS8T_mqsSZRR_9qicrTTrcNb_d56V43UUIabi_CbpdZvizUV7KOXqW0wBB9-w0XQuAnSf70Uafoj-qKTDBdzUH4Krbk1N_iG3VU6hCgqo-r6EVFSdKA/w484-h334/310441766_5882490218462456_6891401386605681706_n.jpg" width="484" /></a></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em menos de quinze dias,
assistimos a estes dois desfechos dramáticos:</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Primeiro, a Prof.ª Josefa
Marques, do concelho de Almeida, doente oncológica, de 51 anos, requereu, como
sempre fizera em anos anteriores, a mobilidade por doença para trabalhar
próximo do seu domicílio, mas este ano, com a mudança da legislação, acabou
colocada em Oleiros, a 207 kms de casa. Morreu sem obter resposta ao seu apelo
junto do Ministério da Educação.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Agora, a Prof.ª Fernanda
Barros, de Chaves, com a mesma idade, que há três anos estava colocada no seu
concelho com mobilidade por doença incapacitante (problemas hepáticos,
insuficiência cardíaca, diabetes, obesidade mórbida, três enfartes nos últimos
anos e três cateterismos), pediu para continuar no seu concelho, mas, perante a
nova (e hedionda) lei do Ministério, teve de regressar à escola onde é efetiva,
em Castelo de Paiva. Também acabou por morrer, esta semana, sem conseguir
resposta ao seu apelo junto do Ministério da Educação.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Que país é este, afinal?
E como pôde este Ministro da Educação produzir uma lei ardilosa e desumana que
limita, aos requerentes de mobilidade por doença incapacitante, a colocação
numa escola num raio de até 50kms em “linha reta”? Só quem não conhece (ou não
quer conhecer) a realidade do interior deste país pode urdir uma legislação tão
estranha.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Conseguirá o Ministro
dormir descansado, perante estes trágicos desfechos?</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A minha homenagem à
memória destas duas professoras e a minha solidariedade com as lágrimas e a
revolta dos seus milhares de colegas, familiares e amigos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><a href="https://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor/">https://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor/</a></span></span></p><br /><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-12303902878075286062022-10-05T12:59:00.000-07:002022-10-05T12:59:01.038-07:00Recupere-se a autoridade e o prestígio dos professores!<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6gR-abpjHq4bErfzhaOJZKd8M47-6naiXrvmDozVV8PwSOHeYWNbI3y1BtcA7L9PgKQCVwxRXUKvuBevCIQWtOnlMXK-m8fGcJkO0yLvsSTgInERXYDbg6gGItprFS-PzFOgh49Z8QttQjl33Ubsocw5O32jTZ-Blvv3F-y5GHCiJ5PE6oliRxdALFQ/s1242/Diapositivo1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="709" data-original-width="1242" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6gR-abpjHq4bErfzhaOJZKd8M47-6naiXrvmDozVV8PwSOHeYWNbI3y1BtcA7L9PgKQCVwxRXUKvuBevCIQWtOnlMXK-m8fGcJkO0yLvsSTgInERXYDbg6gGItprFS-PzFOgh49Z8QttQjl33Ubsocw5O32jTZ-Blvv3F-y5GHCiJ5PE6oliRxdALFQ/w491-h281/Diapositivo1.JPG" width="491" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Para
refletir, especialmente, hoje, o Dia Mundial do Professor: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Acabe-se
com a violência nas escolas e com a impunidade de alunos mal comportados e
arruaceiros. Penalize-se criminal e exemplarmente encarregados de educação que
agridem, intimidam e ameaçam professores. Acabe-se com a terrível burocracia
que recai sobre os professores (até os processos relativos ao “cheque dentista”
dos alunos estão sobre os seus ombros…), alivie-se o peso arrasador e absurdo
da sua rotina profissional (turmas e horários sobrecarregados, testes, planos
de aulas, planos de recuperação, aulas de apoio, reuniões sobre reuniões,
resmas de atas, grelhas, relatórios...) que os obrigam a trabalhar de dia e de
noite, madrugada fora. Acabe-se com as colocações a 100 e a 200 Kms de casa,
que obrigam os professores a gastar quase metade do ordenado nas deslocações.
Dêem-lhes condições para poderem também ter uma família.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">E
então sim, tal como antigamente, qualquer jovem alimentará o sonho de um dia
poder vir a ser professor. As escolas tornar-se-ão num espaço onde apetece
estar. O ensino superior encher-se-á de candidatos à docência, e jamais
faltarão professores de qualidade nas escolas</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">.<o:p></o:p></span></p><div style="text-align: right;"><a href="https://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor/">https://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor/</a></div><p></p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-4212319975691470484.post-65630746139666230842022-09-14T13:44:00.002-07:002022-09-14T13:45:19.743-07:00O drama e o sonho de ser professor<p style="text-align: center;"> <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4tEHZ9mJ92on0EuDywzJHw9_VfZ0-tO_VDbNT3IoH8gF9rzWBrbOi6GTGhKM2hkMljpwrwGwXEjkIByJtIo5SXnUaa1lYXvhjbKo-TqP6w2uqGzPR06nNE98LM04qeX9oiGqRu6ux-Gp8kVgRPTc65wpkK1CpDUXbjiXFLheEDFYQshkAgis_3MFbvA/s957/Diapositivo1.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="351" data-original-width="957" height="174" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4tEHZ9mJ92on0EuDywzJHw9_VfZ0-tO_VDbNT3IoH8gF9rzWBrbOi6GTGhKM2hkMljpwrwGwXEjkIByJtIo5SXnUaa1lYXvhjbKo-TqP6w2uqGzPR06nNE98LM04qeX9oiGqRu6ux-Gp8kVgRPTc65wpkK1CpDUXbjiXFLheEDFYQshkAgis_3MFbvA/w476-h174/Diapositivo1.JPG" width="476" /></a></p><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A professora Patrícia
Ferreira viaja de Vila Real até Aljustrel (cumprindo uma rota complexa de 555
kms: Vila Real – Porto – Lisboa – Évora – Beja – Aljustrel) para continuar a
alimentar o sonho de ser professora, como bem se narrou na Grande Reportagem da
SIC Notícias.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O pouco que ganha
fica-lhe nas viagens e no alojamento. Certamente, a única compensação que
continua a permitir-lhe alimentar o sonho de ser professora estará na
felicidade dos seus alunos ao receberem-na em cada nova semana e na ternura dos
abraços do filho e marido que ansiosamente a esperam em cada regresso a casa.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Este é o drama de
milhares de professores. Muitos outros optam por deslocar-se, diariamente,
durante mais de 300 quilómetros para darem as suas aulas. Compensação monetária
(como acontece em outras profissões com bem melhores remunerações), nenhuma.
Deixam aí o pouco que ganham e o que gastam nem sequer o conseguem descontar no
IRS.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Para cúmulo, o Ministério
da Educação vomitou este ano a porcaria de uma lei que, sob a ardilosa
justificação de ajudar os professores com doenças incapacitantes, lhes oferece
a possibilidade de concorrerem a escolas num raio de até 50 kms em “linha reta”,
o que obriga, nas estradas serpenteadas do interior do país, a deslocações de
mais de hora e meia. Um professor nestas condições ainda irá ter de inventar
tempo e meios para fazer os seus tratamentos médicos, seja de oncologia,
hemodiálise e outros.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Enfim, como se vê, temos um Ministério da Educação nada amigo dos professores.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span style="line-height: 107%;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><a href="http://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor">www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor</a></span></span></p>Unknownnoreply@blogger.com