domingo, 29 de março de 2015

O olharapo


Nas lendas transmontanas, há uma figura sinistra frequentemente referenciada: o olharapo. Como aparece em vários livros meus, amiúde me questionam, especialmente as crianças, sobre tal criatura. Trata-se de um gigante antropófago, violento e feroz, que tem a particularidade de possuir um único olho no centro da testa. As lendas situam os olharapos nas montanhas de Trás-os-Montes e da Galiza, onde noutros tempos inquietavam pastores e outros seres indefesos. O que lhe sobra em força e em tamanho, falta-lhe em produtividade e, sobretudo, em inteligência. A tradição popular reconhece também a existência da olharapa. Por vezes, o olharapo é ainda designado por “olhapim”. Daí que, no concelho de Vinhais tenhamos ouvido este provérbio: “Na terra dos olhapins, quem tem dois olhos é rei”. Esta figura do maravilhoso transmontano apresenta algumas semelhanças com a figura dos “ciclopes”, que eram seres da mitologia grega, filhos do Céu e da Terra e a quem, devido à sua força sobre-humana, era atribuída a construção de imponentes muralhas, que, por isso, se chamavam “ciclópicas”. Segundo a mitologia grega, Júpiter empregava os “ciclopes” na fabricação do raio, razão por que estes terão sido mortos por Apolo que, dessa forma, vingou a morte do seu filho Esculápio que fora fulminado por Júpiter.

 (Bibliografia: PARAFITA, A. – A Mitologia dos Mouros, Gailivro, 2006)

sexta-feira, 27 de março de 2015

Hoje, Dia Mundial do Teatro



O teatro vive de ficções, mas sobrevive, quase sempre, no seio de uma realidade cruel, a da indiferença de quem governa a cultura, onde, no lusco-fusco dos palcos vazios, agoniza uma mentalidade neoliberal conspurcada na fealdade do seu próprio absurdo.

Neste dia, presto a minha homenagem a todas as companhias de teatro. Em especial às que labutam no interior rural. E uma palavra de reconhecimento à FILANDORRA - Teatro do Nordeste, pela forma inteligente e ousada como tem levado ao palco alguns dos meus livros. AP