terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Adeus, princesa...


 Conheci-a há anos em Vila Real. Era vice-reitora da Universidade Lusófona quando veio à UTAD arguir provas académicas na área em que era uma notável especialista: a biologia. Deixou uma marca poderosíssima na argumentação e saber que demonstrava nas suas intervenções.

Estava no seu auge. Era, na verdade, uma princesa. Na ciência, na literatura, na beleza, no doce sorriso que contagiava…

Dizem as notícias de hoje que apareceu morta, sozinha, em sua casa, mergulhada na mais confrangedora solidão. As reações das elites culturais e políticas não se fazem esperar. A galera socialite aproveita para se mostrar. É o costume.

Pergunto eu: e quanta dessa gente não assobiou para o lado quando, há meses, numa entrevista de grande divulgação, mostrava ela a sua desilusão com a vida, passando pela ordem de despejo, sozinha, sem emprego, sem recursos financeiros, a recorrer à Segurança Social, a dar explicações para sobreviver…?

Para homenageá-la, apenas posso recomendar o seu inesquecível romance “Adeus, princesa”, onde a emoção e sensibilidade da história dizem bem da personalidade de quem a escreveu.