quinta-feira, 6 de novembro de 2025

“Roubado” à UTAD há 27 anos. Finalmente, o Curso de Medicina em Vila Real

Foi um dos grandes trunfos de Luís Montenegro, na reentrada política do Pontal, no Algarve, em agosto de 2024. Anunciou então o Curso de Medicina na UTAD. Este anúncio, no entanto, foi travado dois meses depois pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), cuja comissão de avaliação externa, embora considerando “atrativa” a proposta curricular do curso, justificou a não acreditação com insuficiências ao nível do corpo docente.

Finalmente, hoje mesmo (5-11-2025), foi tornado público que a A3ES, aprovou o Curso de Medicina na UTAD, considerando que foram cumpridas as recomendações formuladas anteriormente com a não acreditação.

Foi longo e penoso o processo. Iniciado pelo antigo reitor Prof. Torres Pereira e agarrado com afinco pelo reitor Carlos Sequeira, nunca a UTAD o abandonou. Carlos Sequeira tinha por cumprir esse sonho de criar um curso de Medicina.  Só que o Conselho Geral de então meteu-se ao meio. Disse-lhe que não. Que tínhamos médicos a mais. Imagine-se! E tal bastou para que batesse com a porta. Deixou, voluntariamente, o lugar de Reitor antes do fim do mandato. De cabeça erguida. Como é próprio dos grandes Homens.

Fazendo ainda um pouco de história, há que recordar que foi em 1998, pela mão ousada e incansável de Torres Pereira, que a UTAD, então ainda uma criança com apenas doze anos de vida como Universidade, apresentou uma candidatura irrepreensível, tendo a participação do Prof. Nuno Grande, ilustre vila-realense, fundador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e antigo diretor da Faculdade de Medicina do Porto, com a garantia de um corpo docente de qualidade. Tinha também todos os estudos e pareceres que se impunham e, sobretudo, a participação do Centro Hospitalar de Vila Real, como futuro Hospital Universitário e que evoluiu, entretanto, para Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, já então uma das melhores unidades de saúde do interior do país.

Acontece que, surpreendendo tudo e todos, o então ministro José Sócrates, resolveu puxar a brasa à sua sardinha e levou o Curso de Medicina para a Covilhã. Ele que se dizia um amigo de Trás-os-Montes por força das suas raízes em Vilar de Maçada. Escrevi na altura um artigo na imprensa, onde dizia: “Com amigos assim, Trás-os-Montes não precisa de inimigos”.

Por fim, afigura-se a concretização do sonho. Na pessoa do reitor em exercício Prof. Jorge Ventura, felicito toda a comunidade académica pela competência e compromisso demonstrados neste ambicioso projeto, que trará uma nova vida a Vila Real e a Trás-os-Montes.

(ap)

In Diário de Trás-os-Montes, 5-11-2025