Foi um dos grandes
trunfos de Luís Montenegro, na reentrada política do Pontal, no Algarve, em
agosto de 2024. Anunciou então o Curso de Medicina na UTAD. Este anúncio, no
entanto, foi travado dois meses depois pela Agência de Avaliação e Acreditação
do Ensino Superior (A3ES), cuja comissão de avaliação externa, embora
considerando “atrativa” a proposta curricular do curso, justificou a não acreditação com insuficiências ao nível do
corpo docente.
Finalmente, hoje mesmo
(5-11-2025), foi tornado público que a A3ES, aprovou o Curso de Medicina na
UTAD, considerando que foram cumpridas as recomendações formuladas
anteriormente com a não acreditação.
Foi longo e penoso o
processo. Iniciado pelo antigo reitor Prof. Torres Pereira e agarrado com
afinco pelo reitor Carlos Sequeira, nunca a UTAD o abandonou. Carlos Sequeira
tinha por cumprir esse sonho de criar um curso de Medicina. Só que o Conselho Geral de então meteu-se ao
meio. Disse-lhe que não. Que tínhamos médicos a mais. Imagine-se! E tal bastou
para que batesse com a porta. Deixou, voluntariamente, o lugar de Reitor antes
do fim do mandato. De cabeça erguida. Como é próprio dos grandes Homens.
Fazendo ainda um pouco
de história, há que recordar que foi em 1998, pela mão ousada e incansável de
Torres Pereira, que a UTAD, então ainda uma criança com apenas doze anos de
vida como Universidade, apresentou uma candidatura irrepreensível, tendo a
participação do Prof. Nuno Grande, ilustre vila-realense, fundador do Instituto
de Ciências Biomédicas Abel Salazar e antigo diretor da Faculdade de Medicina
do Porto, com a garantia de um corpo docente de qualidade. Tinha também todos
os estudos e pareceres que se impunham e, sobretudo, a participação do Centro
Hospitalar de Vila Real, como futuro Hospital Universitário e que evoluiu,
entretanto, para Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, já então uma
das melhores unidades de saúde do interior do país.
Acontece que,
surpreendendo tudo e todos, o então ministro José Sócrates, resolveu puxar a
brasa à sua sardinha e levou o Curso de Medicina para a Covilhã. Ele que se
dizia um amigo de Trás-os-Montes por força das suas raízes em Vilar de Maçada. Escrevi
na altura um artigo na imprensa, onde dizia: “Com amigos assim, Trás-os-Montes
não precisa de inimigos”.
Por fim, afigura-se a
concretização do sonho. Na pessoa do reitor em exercício Prof. Jorge Ventura,
felicito toda a comunidade académica pela competência e compromisso
demonstrados neste ambicioso projeto, que trará uma nova vida a Vila Real e a
Trás-os-Montes.
(ap)
In Diário de Trás-os-Montes, 5-11-2025