Nasceu numa pequenina aldeia do Barroso
(Peireses) numa família pobre. Em menino, foi um dos humildes pastorinhos que
nesse tempo ajudavam, com o seu trabalho, o sustento do lar (o trabalho é
pouco, mas quem o perde é louco…). Depois entrou para o seminário para ser
padre, que era então a saída possível para um projeto de vida alternativo às
agruras do campo. Ainda entrou no noviciado, mas depressa a vocação o empurrou
para outros rumos. Outra vocação o fez médico e estabeleceu-se no Barroso,
regressando às origens para servir, nessa qualidade, os seus conterrâneos,
especialmente os mais humildes. E enquanto lhes curava os males do corpo,
curava-se ele da vontade irreprimível de resgatar as memórias e vivências do
seu povo, que foi projetando na sua vasta obra literária.
Por isso, não perdemos tudo com a sua partida, há 20 anos, em agosto. Deixou-nos as suas memórias em obras marcantes como: O lobo guerrilheiro, Planalto em chamas, O retábulo das virgens loucas, Histórias de Lana-Caprina, O Lobo Guerrilheiro, Histórias da Vermelhinha e Planalto de Gostofrio.