António Fontinha, mora dentro das histórias que conta. É um dos pioneiros da nova vaga da narração oral em Portugal. Com um talento invulgar, a que empresta toda a fisionomia do seu corpanzil esguio, todo ele é comunicação. Comunica com os braços e mãos enormes, as pernas, os ombros, os olhos, a boca, o nariz, as sobrancelhas, as carrancas, mais aquele sotaque meio alfacinha, meio alentejano, e desse jeito faz regressar os contos tradicionais à oralidade, ao seu habitat, num tempo em que os antigos narradores da memória já vão desaparecendo.
Descobri-o
em 1998 quando estava a escrever o livro «A Comunicação e a Literatura
Popular», que resultou da minha tese de mestrado em Ciências da Comunicação, e
dei-o a conhecer aos meios académicos. E desde então ficámos grandes amigos. É
hoje mais conhecido que feijão em cardápio de quartel. As escolas agitam-se
para conseguirem tê-lo a contar histórias nas suas bibliotecas. Parabéns grande
Fontinha, a ver se te encontro um dia destes!
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