Completa-se este mês meio século. Meio
século de um percurso combativo, desde os alvores dos anos 70 do século
passado, na defesa dos interesses de uma região então votada ao mais completo
marasmo.
Impõe-se,
por isso, o dever de recordar o papel dos grandes pioneiros da instituição e a
sua luta efetiva pela descentralização (Veiga Simão, Tomás Espírito Santo,
Cardoso Simões, António Réfega, Valente de Oliveira, Fernando Real e Joaquim
Lima Pereira, entre muitos outros), assim como a intervenção enérgica dos
órgãos de imprensa de então e “forças vivas” locais, que, mesmo no período do
Estado Novo, não se coibiram de afrontar o regime, erguendo uma voz coletiva na
reivindicação de direitos até então nunca atendidos.
Isto
num tempo em que na Assembleia Nacional havia quem objetasse que, dar “a
qualquer cidadão o direito de ser doutor, mais não é do que entender que
qualquer burro tem o direito de ser cavalo”.
Para
os vindouros fica a convicção de que o que se conseguiu foi sempre ao poder de
muita luta. Nada caiu do céu em Trás-os-Montes. A história da UTAD demonstra-o
bem. Em 1970, Veiga Simão lançou o “embrião”. Depois, até ao “Politécnico”
(IPVR), criado em agosto de 1973, foi uma luta de bastidores e de “lobbies” acionados
na capital por Tomás Espírito Santo. Porém, sem cursos aprovados nem
instalações, houve que voltar ao combate para o pôr a funcionar, o que só
aconteceu em dezembro de 1975, com todas as decisões “arrancadas a ferros”. Em
1979, ao poder de greves e manifestações, Lisboa lá se rendeu, elevando o
“Politécnico” a Instituto Universitário (IUTAD), então a única forma de
atribuir o grau de licenciatura aos seus alunos.
Mas
a região queria mais. Sobretudo mais cursos. Por isso, novos combates houve que
travar em Lisboa, que continuava a olhar de soslaio para a região, assim nascendo,
finalmente, em março de 1986, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
in Jornal de Notícias 27-8-2023