Do interior rural desprotegido e
negligenciado pelos governos centralistas da capital, que, ano após ano, foram
encerrando escolas, maternidades e serviços de saúde, extinguiram, ou
deslocaram para as grandes cidades, repartições, serviços públicos de
proximidade, postos e delegações de empresas públicas… tudo, ou quase tudo, já
se disse. E o mesmo sobre o falhanço absoluto da Unidade de Missão para a
Valorização do Interior, que nada de concreto conseguiu na implementação das
anunciadas medidas para travar o despovoamento do interior. Os próprios fundos
de coesão territorial, da UE, destinados a travar as assimetrias regionais,
apenas conseguiram acentuar o fosso entre o interior e o litoral.
Nesse meio tempo, um esperançoso
“Movimento pelo Interior”, fundado com grande consenso nacional, apresentou, em
2018, 24 medidas para, no prazo de três legislaturas, garantir uma clara
reversão da situação dos territórios do interior. Grande consenso político,
recorde-se, gerou este movimento, inclusive com o forte empenho dos autarcas
socialistas, como era o caso presidente de Vila Real, Rui Santos, ao lembrar
que uma das medidas propostas era para
que, “qualquer novo organismo a ser criado pelo Estado central, a sua sede
fosse num território do interior”.
Como
diria o outro: “Prega, frade, que pregas debalde!”. Debalde mesmo. O Ministério
da Cultura anunciou que, a partir de 1 de janeiro de 2024, dois novos
organismos vão ser criados: a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal,
que ficará em Lisboa, e o Instituto Público Património Cultural, com
competências de salvaguarda e conservação do património cultural imóvel e
imaterial, com sede no Porto.
Decididamente,
o Estado não sabe como lidar com o Interior. Sempre com um hálito demagógico na
boca quando fala da coesão do território, falha em absoluto nas suas políticas.
in JN, 24-7-2023