Completou este ano 70 anos de
jornalismo. De jornalismo ativo, ininterrupto, com carteira profissional
atualizada até 2024. Julgo não haver em Portugal um jornalista com tal
dinâmica, longevidade e jovialidade. Daí designá-lo decano dos jornalistas
portugueses.
João
Barroso da Fonte, começou como pastor de vezeira e de vacas numa pequena aldeia
do Barroso, dividindo o dia entre o trabalho infantil e a escola primária. Confessou
numa entrevista recente que, com cinco anos de idade, já ia com os bovinos para
os lameiros. E assim cresceu com a energia renovada dos renovos que despontam
nos campos. Foi seminarista, combateu em África, foi jornalista do JN, fundou
e/ou dirigiu jornais e revistas (“Comércio de Guimarães”, “A Voz de Guimarães”.
“Gil Vicente”, “Poetas & Trovadores”, “9 Séculos”), foi colunista em 224 periódicos
(inclusive no semanário “A Região”, sob a minha direção nos finais dos anos
80), escreveu dezenas de livros (poesia, ficção, ensaio), dirigiu o Paço dos
Duques de Bragança e a delegação da Comunicação Social do Norte, foi vereador
da cultura em Guimarães.
Enquanto
combatia no Ultramar, escrevia para a revista “Crónica Feminina”, a troco de 80
escudos por artigo, recebidos em cheque pela esposa, em Guimarães, para ajuda
no sustento dos filhos.
Fundou
o Gabinete de Imprensa de Guimarães em 1976, responsável pelos primeiros cursos
de formação de jornalistas em Portugal financiados pelo FAOJ, e, de seguida, lançou
o Instituto Português da Imprensa Regional (IPIR), que permitiu aos profissionais
e colaboradores da imprensa regional usufruir de um cartão de acreditação,
legitimado pelo Governo, que conferia aos titulares os mesmos direitos da
Carteira Profissional dos jornalistas.
E,
hoje continua a fazer furor com os artigos que escreve na imprensa regional. A
energia é a mesma dos tempos áureos. Com ela planta e difunde cultura, saber,
humanidade.
In JORNAL DE NOTÍCIAS, 23-6-2023