sábado, 15 de outubro de 2022

Conseguirá ele dormir descansado?

 

Em menos de quinze dias, assistimos a estes dois desfechos dramáticos:

Primeiro, a Prof.ª Josefa Marques, do concelho de Almeida, doente oncológica, de 51 anos, requereu, como sempre fizera em anos anteriores, a mobilidade por doença para trabalhar próximo do seu domicílio, mas este ano, com a mudança da legislação, acabou colocada em Oleiros, a 207 kms de casa. Morreu sem obter resposta ao seu apelo junto do Ministério da Educação.

Agora, a Prof.ª Fernanda Barros, de Chaves, com a mesma idade, que há três anos estava colocada no seu concelho com mobilidade por doença incapacitante (problemas hepáticos, insuficiência cardíaca, diabetes, obesidade mórbida, três enfartes nos últimos anos e três cateterismos), pediu para continuar no seu concelho, mas, perante a nova (e hedionda) lei do Ministério, teve de regressar à escola onde é efetiva, em Castelo de Paiva. Também acabou por morrer, esta semana, sem conseguir resposta ao seu apelo junto do Ministério da Educação.

Que país é este, afinal? E como pôde este Ministro da Educação produzir uma lei ardilosa e desumana que limita, aos requerentes de mobilidade por doença incapacitante, a colocação numa escola num raio de até 50kms em “linha reta”? Só quem não conhece (ou não quer conhecer) a realidade do interior deste país pode urdir uma legislação tão estranha.

Conseguirá o Ministro dormir descansado, perante estes trágicos desfechos?

A minha homenagem à memória destas duas professoras e a minha solidariedade com as lágrimas e a revolta dos seus milhares de colegas, familiares e amigos.

https://www.facebook.com/alexandre.parafita.escritor/


quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Recupere-se a autoridade e o prestígio dos professores!

 


Para refletir, especialmente, hoje, o Dia Mundial do Professor:

Acabe-se com a violência nas escolas e com a impunidade de alunos mal comportados e arruaceiros. Penalize-se criminal e exemplarmente encarregados de educação que agridem, intimidam e ameaçam professores. Acabe-se com a terrível burocracia que recai sobre os professores (até os processos relativos ao “cheque dentista” dos alunos estão sobre os seus ombros…), alivie-se o peso arrasador e absurdo da sua rotina profissional (turmas e horários sobrecarregados, testes, planos de aulas, planos de recuperação, aulas de apoio, reuniões sobre reuniões, resmas de atas, grelhas, relatórios...) que os obrigam a trabalhar de dia e de noite, madrugada fora. Acabe-se com as colocações a 100 e a 200 Kms de casa, que obrigam os professores a gastar quase metade do ordenado nas deslocações. Dêem-lhes condições para poderem também ter uma família.

E então sim, tal como antigamente, qualquer jovem alimentará o sonho de um dia poder vir a ser professor. As escolas tornar-se-ão num espaço onde apetece estar. O ensino superior encher-se-á de candidatos à docência, e jamais faltarão professores de qualidade nas escolas.